05/09/2013

Embaixador americano no Brasil deixa seu posto nesta semana



No auge da mais recente crise Brasil-Estados Unidos, o embaixador americano em Brasília, Thomas Shannon, deixa seu posto e retorna nesta sexta-feira, 6, a Washington. Nos três anos em Brasília, toureou as autoridades claramente antiamericanas do Itamaraty e do Palácio do Planalto, manteve aceso o lobby pela venda dos caças F18 Super Hornet da Boeing à Força Aérea Brasileira (FAB) e contornou atritos entre os dois países. Mas não conseguiu tirar a relação bilateral do marasmo vivido há dez anos e despede-se do Planalto Central como a figura mais visível do escândalo envolvendo a espionagem da Agência Nacional de Segurança, dos EUA, no Brasil. Em especial, nos gabinetes da presidente Dilma Rousseff e de seus colaboradores diretos.

Nas últimas semanas, Shannon foi chamado duas vezes ao Itamaraty para dar explicações sobre a rede de espionagem da NSA no Brasil — a última delas, no dia 2. A exigência do governo brasileiro para a Casa Branca apresentar um pedido formal de desculpas ao Brasil terá sido protocolarmente repassado por Shannon a Washington. Mas nem aos seus principais aliados na Europa — Alemanha, França e Grã-Bretanha — o governo americano se desculpou até o momento pela espionagem.
A crise e a ameaça ainda latente de cancelamento da visita de Estado de Dilma Rousseff a Washington, agendada para 23 de outubro, serão conduzidas pelo encarregado de negócios da embaixada, Todd Chapman. Pelo menos, até a apresentação das credenciais da embaixadora Liliana Ayalde, a nova chefe do posto, à própria presidente Dilma Rousseff. A chegada da diplomata e o dia da cerimônia no Planalto não foram ainda marcadas. Liliana Ayalde é ex-embaixadora dos EUA no Paraguai e, entre 2008 e 2011, foi vice-secretária assistente de Estado para América central, Caribe e Cuba.
A saída de Shannon não está vinculada ao escândalo da espionagem. A decisão de retirá-lo de Brasília e destacá-lo para um posto considerado estrategicamente mais importante para os EUA fora tomada no início deste ano pelo presidente dos EUA, Barack Obama, e pelo secretário de Estado, John Kerry. O embaixador seguirá para a Turquia, economia emergente que posicionou-se como uma das lideranças estratégicas no Oriente Médio, parceira de Washington na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e onde os EUA mantém uma de suas principais bases militares na região.
Fonte: Estadão

Nenhum comentário:

Postar um comentário