18/02/2012

Após votação na ONU, Síria tem mais violência e protestos



As forças de segurança do presidente da Síria, Bashar al-Assad, ignoraram nesta sexta-feira as recriminações da Organização das Nações Unidas (ONU) e voltaram a atacar redutos rebeldes nas cidades de Homs e Deraa.

Apesar da ameaça de repressão das forças de segurança, manifestações contra Assad foram relatadas em várias cidades sírias, inclusive Damasco e Aleppo, depois das preces islâmicas da sexta-feira.

Numa demonstração de apoio a Assad, o vice-chanceler chinês, Zhai Jun, chegou a Damasco depois de a Assembleia Geral da ONU aprovar por ampla margem uma resolução sem força legal que diz a Assad para parar a violência e deixar o cargo.

Evocando o princípio da não-ingerência, China e Rússia vetaram em 4 de fevereiro uma resolução do Conselho de Segurança nos mesmos termos, que teria mais força do que o texto aprovado na Assembleia Geral, onde nenhum país tem poder de veto.


"A China não aprova o uso da força para interferir na Síria, ou a imposição forçosa de uma chamada mudança de regime", disse Zhai antes de embarcar para Damasco.

A embaixada chinesa na Síria disse que Zhai se reuniria na noite de sexta-feira com seu homólogo local, que seria recebido no sábado por Assad e que também visitaria membros da oposição. Não se sabe se ele leva alguma mensagem específica para Assad, ou se ele tentará convencê-lo a interromper a operação militar.

Enquanto Zhai pousava em Damasco, as forças de segurança continuavam bombardeando redutos oposicionistas na cidade de Homs, no oeste do país, há duas semanas sob fogo cerrado.
Ativistas da oposição disseram que um intenso bombardeio atingiu o bairro de Baba Amro, depois da incursão de tropas e blindados a partir do vizinho bairro de Inshaat.

"Eles estão principalmente disparando foguetes que caem diretamente nos prédios, e morteiros de vez em quando. Só a rua Karama agora separa Baba Amro do Exército em Inshaat", disse o ativista Aba Iyad usando um telefone por satélite.

Em Idlib, perto da fronteira com a Turquia, dois moradores disseram à Reuters que tanques cercaram a cidade ao amanhecer, e há expectativa de uma invasão militar.

No outro lado do país, em Deraa, na fronteira com a Jordânia, moradores relataram ter ouvido explosões e rajadas de metralhadoras em bairros que estão sob ataque militar. Deraa foi o berço da rebelião contra Assad, há um ano.

Os militares também iniciaram uma nova ofensiva em Hama, cidade com um sangrento histórico de resistência ao pai e antecessor de Assad, Hafez al-Assad, que morreu em 2000.

Apesar disso, as pessoas desafiaram a presença de soldados e policiais para fazerem protestos em várias cidades, como acontece em quase todas as sextas-feiras nos últimos 11 meses.

ISOLAMENTO INTERNACIONAL

Na quinta-feira, a votação na Assembleia Geral mostrou como Assad está isolado internacionalmente. A resolução recebeu 137 votos a favor, 12 votos contra e 17 abstenções. O texto dá apoio a uma proposta da Liga Árabe que prevê, entre outras coisas, o fim da repressão aos manifestantes e a renúncia de Assad.

Embora não tenha força de lei, como seria o caso de uma resolução no Conselho de Segurança da ONU, o texto aprovado na Assembleia Geral tem forte caráter simbólico.

"Há um esmagador apoio global à oposição. (A resolução) mantém a pressão, e a oposição pode dizer que tem legitimidade global", disse à Reuters o analista Rami Khouri, de Beirute. "Acho que os dias dele (Assad) estão contados. Mas ainda não sabemos por quanto tempo ele pode resistir."

Fonte: Reuters Brasil

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