05/06/2018

Complexo não ficará restrito a 4 submarinos, diz gerente do Prosub



A Marinha estuda possibilidades para dar sequência à construção de submarinos após a entrega das encomendas iniciais de seu Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub). O contra-almirante Celso Mizutani Koga, gerente de empreendimento modular de obtenção de submarinos, disse na última segunda-feira (4), que os investimentos no complexo naval de Itaguaí (RJ) não ficarão restritos aos quatro submarinos convencionais e a um de propulsão nuclear do Prosub. No radar da força naval estão eventuais fabricações para países da América do Sul e novas unidades para o Brasil, além da participação em concorrências no exterior.

O lançamento ao mar da primeira unidade, o S-BR 1 (S Riachuelo), está previsto para o próximo dia 12 de dezembro. O primeiro submarino está em fase de união final das seções e acabamento interno no estaleiro do complexo de Itaguaí. Quando a integração for finalizada e os sistemas instalados, será iniciado o comissionamento dos sistemas a bordo. A entrega ao setor operativo está prevista para julho de 2020. A expectativa é que as próximas unidades sejam lançadas, respectivamente, em setembro de 2020, dezembro de 2021 e dezembro de 2022: S-BR2 (S Humaitá), S-BR3 (S Tonelero) e S-BR4 (S Angostura). Os submarinos S-BR2 e S-BR3 já estão na unidade de fabricação e estruturas metálicas do complexo (UFEM), enquanto parte do casco do S-BR4 está na Nuclebrás Equipamentos Pesados (Nuclep), também em Itaguaí.

Atualmente, a Itaguaí Construções Navais (ICN) emprega aproximadamente 2.200 pessoas, a maior parte é de trabalhadores brasileiros ou treinados na França ou treinados por brasileiros que receberam capacitação no país europeu. No estaleiro em Itaguaí, cerca de 240 trabalhadores se dividem em três turnos na construção do SBR-1. Até setembro de 2017, foram desembolsados R$ 15,5 bilhões dos R$ 30 bilhões previstos pelo Prosub. Desse montante, R$ 7,4 bilhões foram para o estaleiro e a base, R$ 6 bilhões para os submarinos convencionais e R$ 2,1 bilhões para o submarino de propulsão nuclear. A ICN é formada pela brasileira Odebrecht e o estaleiro francês Naval Group, antiga DCNS. A Marinha do Brasil possui participação chamada de golden share, que permite o veto em decisões relacionadas ao projeto.

A parceria entre Brasil e França, assinada em 2009, prevê a transferência de tecnologia entre empresas dos dois países. No entanto, não houve acordo ou viabilidade para transferência de tecnologia de alguns itens como: motores, sistemas de propulsão e reator. “Existem dificuldades impostas pelos países estrangeiros para que avancemos com programa. Muita coisa nós precisamos desenvolver do zero, principalmente o enriquecimento [de urânio]”, explicou o almirante Koga em coletiva de imprensa em Itaguaí. Ele ressaltou que o processo é progressivo e já conseguiu nacionalizar itens como escoras, baterias, válvulas e parte dos sistemas de combate. Na ocasião, o contra-almirante Koga destacou que o programa foi concebido direcionado para o submarino de propulsão nuclear e acrescentou que os submarinos convencionais são importantes para abrir caminho para o modelo mais complexo.

Reator multipropósito — Na próxima sexta-feira (8) ocorrerá, em Iperó (SP), o lançamento da pedra fundamental do reator multipropósito brasileiro (RMB) e o início dos testes de integração dos turbogeradores do Laboratório de Geração de Energia Nucleoelétrica (Labgene). O RMB é um reator nuclear com objetivo de tornar o Brasil autossuficiente na produção de radioisótopos – insumo importante para fabricação de rádiofármacos, hoje importado pelo país. O Labgene, parte do Programa Nuclear da Marinha (PNM), é o protótipo em terra da planta nuclear do futuro submarino com propulsão nuclear brasileiro. Ele vai permitir testes de alguns equipamentos que serão usados nesse submarino.

Parte do submarino de propulsão nuclear é desenvolvida pelo Programa Nuclear da Marinha, em parceria com o Prosub. O PNM foi criado com objetivo de dominar com tecnologia nacional o ciclo completo do combustível, desde a prospecção e enriquecimento do urânio até a fabricação do elemento combustível para uso no submarino de propulsão nuclear e geração de energia elétrica. O centro tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP) possui laboratórios de testes e um centro de desenvolvimento de submarinos. O Labgene reproduzirá em terra a planta de propulsão nuclear do submarino de propulsão nuclear. 


Fonte: Portos e Navios

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