09/01/2014

O lendário Gripen em céu brasileiro

 
A base é a aliança estratégica com a indústria brasileira, geradora de empregos de diferentes níveis.

O lendário Gripen, ou Grifo, com corpo de leão, cabeça e asas de águia, representa liderança, força e coragem militar e figura em brasões por possuir muitas virtudes e nenhum vício: utilizado na literatura de Dante Alighieri e Voltaire até Harry Potter, hoje é símbolo que marca a união histórica que beneficiará o Brasil e a Suécia pelas próximas décadas, com vantagens incontestáveis.

O Projeto FX-2 prevê transferência de tecnologia à indústria brasileira de 40% do trabalho de desenvolvimento e produção mundial do Gripen NG, além de linha de montagem no Brasil, alternativa à Suécia e a realização do projeto e fabricação de 80% da estrutura da frota mundial desse caça supersônico.

A empresa Saab, na cooperação, terá o compromisso de criar, no Brasil, em aeronáutica e indústria civil 177% do valor do contrato (177% offset), cuja base é a aliança estratégica com a indústria brasileira, geradora de empregos de diferentes níveis.

A linha de crédito total e de longo prazo é garantida pelo governo da Suécia. O primeiro pagamento, seis meses depois da última aeronave ser entregue e alongado por 15 anos. Entre as vantagens técnicas dos caças de um motor, como o Gripen, está sua facilidade de aterrissar em pistas curtas como as nossas. Isso reduz custo de hora/voo e de manutenção.

A Suécia é exportadora mundial de produtos de defesa e a Saab, principal indústria do país na área, assina seu maior contrato: criada antes da II Guerra, forneceu à Suécia, desde então, mais de 400 aviões. O primeiro Gripen entrou em operação em 1997 e seu protótipo é de 1988.

A encomenda, pela Suíça, de 22 Gripen New Generation, que depende de referendo, e a de mais 60 pela Força Aérea sueca, garantem a produção do caça. A escolha, pelo Brasil, projeta-o a outro patamar. Seu protótipo já voa com sucesso desde 2013 e os que veremos em 2018 nos nossos céus serão sueco-brasileiros.

Os Gripen venceram concorrências em três continentes, em compras e leasings. A procura dos caças é crescente. Os elementos básicos de fabricação são suecos e a propriedade intelectual dessa tecnologia será transferida, com a participação real, em trabalho em áreas como desenho estrutural, integração de sistemas e manutenção.

Para o Brasil trata-se de cooperação estratégica igualitária centrada no programa Gripen NG, que inclui avanços tecnológicos relevantes. Recebi em Estocolmo, desde autoridades da aeronáutica a legisladores e empresários do Brasil, avaliando o impacto positivo resultante das vantagens da proposta Gripen. Participei de ensaios do que será o treinamento de pilotos brasileiros, com simuladores de combate aéreo: o que hoje começa é todo um sistema Gripen de operação, de novas capacidades e estudos tecnológicos conjuntos.

A Saab já colabora com empresas em SP e no RS, com o Centro Inovação Sueco-Brasileiro, concede bolsas a brasileiros desde que a Suécia entrou, em 2012, como parceira no Programa Ciência sem Fronteiras. Investirá em centro aeronáutico em São Bernardo do Campo, cidade-irmã da Linköping, onde os Gripen são fabricados.

Neste 2014, em setembro, quando a Feira do Livro de Gotemburgo será dedicada ao Brasil, os dois países poderão festejar a finalização das negociações do contrato Gripen, que representa um ambicioso programa de desenvolvimento tecnológico conjunto com enorme impacto nas próximas sete décadas, as mesmas que a Rainha Silvia, de ascendência e coração brasileiros, acaba de comemorar.
* Embaixadora do Brasil junto ao Reino da Suécia


Fonte: Zero Hora via NOTIMP

3 comentários:

  1. A nossa indústria aeronáutica ganhará um plus importante, que terá reflexosimpotante na formação de mão-de-obra especializada em fazer os vetores voarem, lei-a se: engenheiros de quase todas especialidades, como eng-mecânicos, eng-elétricos e eletrônicos, técnicos em mecânica, eletrônica, em informática, na formação de mecânicos e dar novo direcionamento nos designs que saem das faculdades ou de cursos técnicos, quer dizer uma ampla gama de mão-de-obra que abrirá novos hrizonte e campos, até com a formação de novas empresas, que esses engenheiros e técnicos deverão formar para atender a demanda que a associada Saab-Embraer farão. Nem tudo será suportado pela Embraer, e necessariamente serviços serão terceirizados, afim de baratear ainda mais o custo, e dividir as responsabilidades, é este o leque mão-d-obra que o mercado procurará absorver, abrindo novas e infinitas vagas aquém é do meio, pois haverá certamente que dar sustentação para que o projeto e seu aperfeiçoamento saia do chão, e busque novas alternativas de tornarem o Gripen New Generation uma realidade e um dos caças(vetores) mais moderno e completo do mundo. É isto que agora se busca.

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    1. Obrigado pela riqueza de detalhes! Estou muito satisfeito(mesmo não sendo da FAB) com essa escolha da Dilma. Até que enfim acaba essa novela chata e cheia de conspirações internas e externas...Parabéns para o BRASIL !

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  2. Existe hoje oito marcas de turborreatores no mundo: três são russo-ucranianas a saber Tumanski, Soloviev e Mikulin, as outras não russo-ucranianas são a General Eletric e Pratt Whitney americano-canadense, a Inglesa Rolls Royce, a francesa Snecma e a italiana FIAT. O Brasil vendeu para os EUA a quase fábrica de turborreatores localizada em Petrópolis chamada oficina de reparos de turbinas criada pela falida Varig, a Celma.
    Não imagino o Brasil se tornando uma potência estratégica diante da total falta de base de capital intelectual e atraso do País. Diante dos fatos não existem argumentos.
    A China continental forma por ano 600 mil matemáticos, a Índia forma por ano 350 mil matemáticos, os EUA formam por ano 210 mil matemáticos, até a Espanha que nos vende material militar forma por ano 60 mil matemáticos.
    O Brasil tem formado por ano cerca de 35 mil matemáticos.
    A metodologia empregada para a obtenção destes números difere daquelas dos institutos de pesquisa que ao considerarem engenheiros todas as carreiras que se assumem com este nome, prefiro considerar engenheiros apenas aqueles ramos que formam matemáticos, físicos, estatísticos, engenheiros civis, engenheiros elétricos e eletrônicos, engenheiros mecânicos excluindo os demais tipos engenheiros como os engenheiros agrônomos, engenheiros de sistemas informacionais e outras categorias não vinculadas especialmente á Matemática superior (equações diferenciais de terceira ordem e cálculo numérico).
    Esta é a única base para o desenvolvimento tecnológico. Não existe alternativa nem caminho mais curto para o futuro que não passe pela matemática superior.

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