22/07/2013

Metralhadora anfíbia reforçará Marinha russa

Primeiro-ministro russo Dmítri Medvedev conferiu pessoalmente as características básicas da metralhadora anfíbia Foto: AP

Engenheiros da cidade de Tula criaram uma arma capaz de atirar tanto em terra firme quanto debaixo d'água. Embora apresente eficiência e características parecidas com a metralhadora Kalashnikov, o novo equipamento é mais compacto.

O aparecimento de espiões mergulhadores nas frotas marítimas de vários países durante a Segunda Guerra Mundial obrigou os engenheiros do mundo inteiro a desenvolver armas destinadas aos nadadores militares. Porém, apenas os especialistas da União Soviética conseguiram criar um modelo que possui plena capacidade de funcionamento debaixo d'água.
Há quase meio século, as tropas especiais da Marinha soviética receberam as primeiras pistolas SPP-1, com calibre 4,5 mm, e as metralhadoras APS, com calibre 5,66 mm. Em vez de balas, as novas armas atiravam flechas capazes de causar certos danos debaixo d'água, mas inúteis em terra firme devido à sua capacidade de atingir um inimigo. Uma flecha lançada pela arma a uma distância de 50 metros não era capaz de acertar o alvo, e, além disso, sua viabilidade ao ar livre era de apenas 180 tiros.
Nenhum país do mundo conseguiu desenvolver uma tecnologia para armas submarinas automáticas que pudesse competir com a criação dos engenheiros soviéticos, porém, os nadadores-militares do país ainda eram obrigados a carregar dois tipos de pistolas e metralhadoras: as APS e SPP-1 para o uso debaixo d'água, bem como as armas tradicionais. Apesar da falta de comodidade, os especialistas da época não tinham à sua disposição nenhuma tecnologia adequada para a criação de uma arma capaz de funcionar igualmente nesses dois meios.
Foi exatamente neste aspecto que os armeiros de Tula, no centro da porção europeia da Rússia, conseguiram finalmente alcançar o impossível. A ideia principal e a estrutura básica da nova arma são o resultado do trabalho do famoso e já falecido criador de armas ligeiras Vassíli Griazev. Seus aprendizes e seguidores do Centro Central de Pesquisa de Engenharia de Armas Esportivas e de Caça levaram o projeto adiante e fabricaram uma nova metralhadora. Esse laboratório, que não possui ligação alguma com o desenvolvimento de aparelhos e só recebeu essa definição na época da União Soviética para confundir os espiões estrangeiros, é responsável pela criação de armas.

Em 2007, o centro concluiu o projeto de criação da metralhadora especial de calibre 5,45 mm, denominada de ADS e destinada ao uso em dois meios. Debaixo d'água, a metralhadora atira com balas de calibre 5,45x39 mm, e ao ar livre ela usa uma munição tradicional com o mesmo calibre – basta apenas trocar o pente de munição.
As outras características da nova arma incluem um lançador de granadas VOG-25 e VOG-25P, com calibre 40 mm montado sob o cano, um silenciador e um conjunto de aparelhos de pontaria, assim como várias outras opções utilizadas nas armas russas pela primeira vez. Um deles é o dispositivo “bullpup”, que consiste na instalação da empunhadura com disparador na frente do carregador de munição e das partes móveis dentro da coronha, permitindo manter o comprimento do cano, porém, diminuir o tamanho da metralhadora.
A ADS não possui uma coronha tradicional, que foi substituída por uma placa traseira, e é a primeira arma russa que solta os invólucros na direção frontal (e não lateralmente como nos outros modelos). Isso permite diminuir a nuvem de gases de disparos formada a pouca distância da face do atirador. A metralhadora também poderá ser utilizada tanto no ombro direito quanto no esquerdo, sendo igualmente confortável para os destros e canhotos.
Na fabricação da ADS foram utilizados os materiais compostos que contribuíram para a diminuição do seu peso e ao aumento da resistência à corrosão. A estrutura do aparelho de extração de gás recebeu um regulador que permite uma fácil comutação entre os modos de ar e água.
Apesar de a arma ser destinada aos nadadores-militares, sua estrutura confortável e universal permite a utilizá-la pelos soldados das equipes especiais do departamento de Inteligência, de infantaria naval e terrestre. A metralhadora, que já foi submetida ao circuito completo de testes militares, recebeu avaliações positivas e encontra-se agora na etapa de testes de protótipo. A decisão sobre a sua utilização pelas tropas regulares será tomada nos próximos meses.

Fonte: Gazeta Russa

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