A execução do programa estatal de armamentos para 2011-2020 é uma das funções principais da OSK. Mas já hoje se está dedicando uma atenção importante, especialmente na área da pesquisa e desenvolvimento, ao programa para 2016-2025 que está sendo preparado para aprovação. Segundo disse Igor Zakharov, a OSK deve entrar no novo programa estatal com um conjunto de novos projetos capazes de realizar mudanças qualitativas das capacidades da marinha de guerra. Eles serão baseados em princípios diferentes dos projetos existentes por um nível mais elevado das tecnologias de informação, pelo seu equipamento com armas de elevada precisão, pelo maior grau de automatização e por uma redução das guarnições. Também os equipamentos robotizados e os projetos baseados em módulos terão uma maior utilização. Uma atenção especial, na opinião de Zakharov, será dedicada à elaboração de novas abordagens do planejamento e controle dos programas de construção naval. Essa necessidade é ditada por uma série de fatores.
Um navio como sistema é a conjugação de elementos de altas tecnologias: casco, sistemas gerais do navio e lançadores, cujos períodos de vida útil são calculados em décadas (30-50 e mais anos), com equipamento radioeletrônico e armamento que fica rapidamente ultrapassado. Mas são precisamente estes últimos elementos que determinam hoje em primeiro lugar as capacidades de combate de um navio. Essa circunstância exige uma alteração na abordagem da criação de um navio – o sistema deverá estar preparado para modernizações e substituições dos equipamentos que determinam as capacidades do navio. Essa abordagem, referiu o vice-presidente da OSK, exige a alteração da visão tradicional dos projetistas e construtores navais, visto que nos tempos da União Soviética, na criação de projetos de navios, praticamente não estava prevista a possibilidade da sua modernização.
Igor Zakharov sublinhou que, em perspectiva, não devemos esperar a construção de grandes séries de navios de 1 e 2 categoria, que era habitual nas décadas de 50-80 do século passado. Os navios de guerra de grande porte serão construídos em séries relativamente pequenas. O rápido desenvolvimento do equipamento radioeletrônico irá exigir a divisão dessas séries em subséries (grupos) com capacidades bastante diversificadas. No entanto, os seus sistemas gerais de navio serão estandardizados, o que permitirá evitar as consequências negativas da diversidade de classes típica da marinha de guerra da URSS.
A conjugação da estandardização dos sistemas gerais de navio, tanto dentro da mesma classe de navios, como entre classes, quando for possível, assim como a realização de uma renovação operacional dos equipamentos e de uma modernização do navio como sistema de armas, deverá se tornar na tendência determinante no desenvolvimento da construção naval militar.
O ritmo limitado na construção dos navios, os elevados custos e as demoras no desenvolvimento de sistemas de armas e dos principais sistemas do navio tornam inviável o seu desenvolvimento independente do seu navio-portador. Durante o desenvolvimento de projetos de perspetiva, esses trabalhos irão decorrer paralelamente e no âmbito do mesmo contrato para a criação do projeto do navio. Isso obrigará a uma conjugação mais coordenada entre o trabalho dos projetistas dos navios e os projetistas dos sistemas de armas e das tecnologias de combate que os irão equipar.
A marinha como sistema
O grande objetivo de criar novos projetos de navios é apenas uma parte do objetivo geral de criar uma marinha de guerra eficiente como ramo das Forças Armadas. Os longos prazos de vida útil dos navios, o tempo que levam os projetos a serem desenvolvidos e os navios a serem construídos, assim como a grande inércia no desenvolvimento da indústria e da frota, exigem uma alteração na abordagem da sua construção.
Hoje, a marinha de guerra e a indústria naval enfrentam frequentemente problemas que vêm dos anos 1990-2000. O estado das empresas impede um cumprimento atempado dos atuais objetivos e contratos. Um exemplo foi o incumprimento dos prazos de construção das corvetas do projeto 20380 nos Estaleiros Navais do Amur, que se deveu às condições dos estaleiros e ao preço baixo pelo qual o contrato foi fechado em meados dos anos 2000, conjugado com as elevadas despesas gerais devido ao distanciamento dessa empresa do Extremo Oriente russo dos principais centros industriais da Rússia.
Contudo, não se pode resolver todos os problemas exclusivamente dentro da indústria. O vice-presidente da OSK referiu que para essas situações deverá existir um mecanismo de arbitragem capaz de elaborar uma solução de compromisso e apresentá-la aos órgãos executivos. Estes últimos deverão resolver o problema considerando tanto os interesses de todas as partes, como as exigências legislativas.
 Um dos mecanismos que deve ser usado para evitar a repetição no futuro dessas situações é a discussão pública dos problemas e dos planos de desenvolvimento da marinha de guerra. Um planejamento aberto do desenvolvimento a longo prazo da marinha de guerra, com o apoio das organizações especializadas, permitirá, por um lado, manter o segredo militar onde ele é realmente necessário, ou seja, quanto às capacidades de combate, às características exatas e ao know-howdos equipamentos e sistemas de armas. Por outro, evitar os erros e custos adicionais, inevitáveis nas tomadas de decisões importantes em ambiente de secretismo.

Fonte: Voz da Rússia