FERNANDA ODILLA - DE BRASÍLIA
As redes do governo federal brasileiro sofreram, em média, um ataque virtual a cada hora nos primeiros três meses deste ano.
Relatório da Presidência da República indica que 61% das 3.320 notificações registradas no primeiro trimestre estão relacionadas a ameaças à segurança das redes e sistemas do governo federal.
Relatório da Presidência da República indica que 61% das 3.320 notificações registradas no primeiro trimestre estão relacionadas a ameaças à segurança das redes e sistemas do governo federal.
O documento é o mais recente e foi produzido em abril por um órgão ligado ao Gabinete de Segurança Institucional da Presidência.
O restante das notificações diz respeito a registros sem gravidade, como spams e mensagens não solicitadas.
A maioria dos ataques está relacionada ao abuso de sites (desconfiguração, vulnerabilidade de códigos e de servidores), "phishing" (fraude eletrônica para "pescar" dados como senhas) e "malwares" (programas que se infiltram como vírus).
O governo brasileiro identificou ainda tentativa de vazamento de informação, mas em menor número: 1,14% dos 2.027 incidentes registrados.
No relatório da Presidência, constam apenas cinco incidentes pendentes. Os solucionados, contudo, não significam necessariamente identificação de invasores, mas tratamento das falhas.
A fragilidade da rede do governo já foi alvo de alertas do Tribunal de Contas da União, em 2010. O governo diz que vem aprimorando os mecanismos de controle.
DEFESA
Na tentativa de proteger redes nacionais, o recém-criado CDCiber (Centro de Defesa Cibernética) brasileiro corre para montar laboratórios virtuais e intensificar parcerias com a academia.
Também tenta desenvolver um antivírus nacional, o DefesaBR, e um hardware para as Forças Armadas para se preparar contra ataques e, até mesmo, o cyberterrorismo antes da Copa ano que vem e da Olimpíada em 2016.
Portaria publicada em dezembro passado determinou que o Ministério da Defesa, com auxílio das Forças Armadas, é responsável por coibir o uso criminoso da internet.
Diferente dos Estados Unidos, o modelo nacional será descentralizado e o "cérebro" do sistema, hoje com um terço da mão de obra prevista, terá 150 pessoas até 2016.
O Brasil criou um ano antes dos EUA o Centro de Defesa Cibernética. A diferença está no orçamento.
"Somente com a Microsoft, o governo dos EUA tem contrato de US$ 1,5 bilhão, valor dez vezes maior que nosso orçamento", afirmou em fevereiro o comandante do CDCiber, general José Carlos dos Santos, ponderando que a realidade brasileira justifica investimentos menores.
Fonte: Folha de S.Paulo