16/05/2012

Para Amorim, Operação Ágata marca a presença do Estado nas fronteiras

A realização da Operação Ágata, sob coordenação do Ministério da Defesa, com o apoio de 17 agências ligadas a oito ministérios e governos estaduais, marca a presença do Estado brasileiro na região de fronteira com dez países sul-americanos.

A avaliação foi feita pelo ministro da Defesa, Celso Amorim, após divulgação de um balanço parcial da Ágata 4, que vem sendo realizada no norte do país, na divisa com Venezuela, Suriname, Guiana e Guiana Francesa (ver números abaixo). O ministro viajou ontem (14/5) com o vice-presidente da República, Michel Temer, para acompanhar a ação militar na região.

Amorim disse esperar que as informações levantadas ao longo da operação sirvam para ações futuras. E citou, como exemplo, as pistas clandestinas localizadas pelas Forças Armadas que
ainda não foram destruídas, bem como os desdobramentos contra garimpos ilegais. No último sábado, aviões Super Tucano A-29 da Força Aérea Brasileira (FAB) destruíram uma pista de 280 metros às margens do rio Catrimani, a 200 quilômetros de Boa Vista, capital de Roraima. Outras nove pistas irregulares foram encontradas durante a Ágata 4.

Para Michel Temer, a integração entre a Marinha, o Exército e a Força Aérea consiste em fator importante para o êxito das operações realizadas na área fronteiriça. Ele frisou também a importância da participação dos governos estaduais, das agências ligadas aos ministérios e das Polícias Federal e Rodoviária Federal. “Hoje, aprendi aqui que os senhores provaram que é possível realizar uma ação nova do Estado brasileiro”, afirmou.


Operação Ágata

A Operação Ágata, lançada em junho do ano passado pela presidenta Dilma Rousseff, no âmbito do Plano Estratégico de Fronteiras (PEF), tem por objetivo combater ilícitos transfronteiriços, além de mapear a região de fronteira com os dez países da América do Sul.

Desde o dia 2 de maio, quando foi deflagrada a quarta edição da operação, os militares têm atuado em uma região tida como vazia e inóspita, um “ponto cego” na Amazônia, que vai da foz do rio Oiapoque, no Amapá, a Cucuí, no Amazonas.

Para isso, foram mobilizados 8.514 militares das Forças Armadas e 241 agentes civis. O emprego das tropas se deu numa área de 5.128 quilômetros, onde há registros de crimes associados ao garimpo ilegal, tráfico de drogas e desmatamento.

Visita à região

Amorim e José Elito, chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, desembarcaram na região de Tiriós, no Pará, onde atua o 1º Pelotão Especial de Fronteira (PEF).

Lá, as autoridades tomaram conhecimento de algumas ações desenvolvidas em duas semanas da Ágata 4, bem como obtiveram detalhes das informações sobre a geografia da área que vai daquela localidade ao município de Oiapoque, no Amapá.

Além das ações repressivas, as Forças Armadas também atuam em ações cívico-sociais. Mais cedo, em Oiapoque, os integrantes da comitiva estiveram na Escola Estadual Joaquim Caetano, onde profissionais da área de saúde prestavam atendimento à população. O posto montado na instituição de ensino atenderá cerca de 2 mil moradores nas especialidades de pediatria, ginecologia, clínica geral e odontologia.

Os moradores também puderam tirar documentos e serem cadastrados em programas do governo federal, como o Bolsa Família. Na região de Tiriós, segundo o comando da operação, foram realizados contatos com 27 aldeias indígenas.

A presença do vice-presidente Temer e do ministro Amorim mobilizou nove caciques de tribos da região. Liderados pelo cacique Caxiuanã Xicuianã, os índios entregaram documento com reivindicações ao governo federal.

Temer e Amorim visitam a região na companhia do chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA), general José Carlos De Nardi, e dos comandantes da Marinha, almirante Julio Soares de Moura Neto; do Exército, general Enzo Peri; e da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito. A visita termina nesta terça-feira (15/5) no Comando Militar da Amazônia (CMA), onde foi montada central para monitoramento das ações.

Coordenada pelo general Eduardo Dias da Costa Villas Bôas, comandante do CMA, a Ágata 4 será concluída na próxima quinta-feira (17/5). Em seguida, os setores envolvidos na mobilização concluirão o levantamento das ações e enviarão documento ao ministro Amorim para futuros desdobramentos. 

Números da Operação Ágata 4

• A Ágata 4 acontece nas divisas dos estados do Amapá, Pará, Amazonas e Roraima com Venezuela, Suriname, Guiana e Guiana Francesa, numa extensão territorial de 5.128 quilômetros;
• A ação emprega 8.426 militares, sendo 3.311 da Marinha, 4.078 do Exército e 1.037 da Força Aérea Brasileira;

• Além das Forças Armadas, a Ágata 4 conta com a participação de agentes públicos de órgãos como o Instituto Chico Mendes (ICMBio), Ibama, Funai, Anatel, Anac, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), Abin, Receita Federal, Força Nacional de Segurança Pública e Sistema de Proteção da Amazônia;

• Ao todo, a quarta edição da Operação Ágata emprega 11 navios, nove helicópteros e 27 aviões. A parte terrestre engloba 65 viaturas militares, entre caminhões, caminhonetes e veículos de transporte;

• A operação começou no dia 2 de maio. Até o momento, foram identificadas dez pistas clandestinas em área de garimpo na reserva indígena yanomami. Sete garimpeiros foram detidos e encaminhados para a Polícia Federal em Boa Vista (RR).

• Cerca de 600 animais silvestres foram devolvidos à floresta amazônica. Além disso, 25 quilos de pasta básica de coca foram apreendidos;

• Houve também ações sociais com o emprego do Hospital de Campanha da FAB, atendimentos médicos, distribuição de medicamentos, vacinação, entre outras. Até o momento, os seguintes números foram apurados:
 
– 1.002 atendimentos médicos nas seguintes áreas: odontologia, procedimento de enfermagem, exames laboratoriais, vacinações e intervenções cirúrgicas;

– Entrega de medicamentos: 20.779, 134 famílias cadastradas e 81 famílias recadastradas no Bolsa Família, exames como eletrocardiograma (01), mamografia (37), dermatológico (76) e HIV (67);

– No Hospital de Campanha, foram realizados cerca de 2.500 atendimentos.
 
 

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