11/04/2012

Ataque ao Irã: uso da força não tem futuro

 
 
As medidas adotadas pela comunidade internacional não são suficientes para convencer o Irã a abandonar seu programa nuclear militar, afirmou o ministro da Defesa israelense, Ehud Barak.

Em essência, isso significa que Israel não renuncia à possibilidade de resolver o problema iraniano por meios militares – Teerã já recebeu muitas ameaças semelhantes. Especialistas russos e estrangeiros advertem que uma ação militar não dará resultados e não será nada mais que uma intentona.


O chefe do Ministério da Defesa de Israel insiste em que sejam tomadas as medidas mais rigorosas contra Teerã para "encurralá-lo”. Israel ainda não decidiu o que fazer com o programa nuclear iraniano, mas o tempo de decidir está se esgotando, acredita Ehud Barak. Afinal, se o Irã se tornar uma potência nuclear, ele será uma ameaça para o mundo inteiro e as negociações com ele serão extremamente complicadas.

Esta retórica da parte de altos funcionários israelenses jé é conhecida há muito tempo. Israel continua ameaçando o Irã sem ter quaisquer provas da existência da componente militar de seu programa nuclear. Não se pode considerar o recente relatório da AIEA como tal prova. Ele foi baseado em palpites e compilação de documentos publicados anteriormente, em que apenas se expressam preocupações sobre os planos militaristas de Teerã. Entretanto, peritos acreditam que um ataque ao Irã não traria o resultado esperado. O especialista britânico em assuntos militares Malcolm Chalmers diz: as instalações nucleares do Irã estão enterradas em profundos bunkers subterrâneos de concreto extremamente forte, e a Força Aérea israelense simplesmente não os vai “pegar”. O máximo que pode ser feito – é danificar a infra-estrutura terrestre.

Além da componente política de uma solução militar para a questão nuclear iraniana – a disposição de Israel a assumir o papel de agressor perante o mundo islâmico, existe também a componente técnico-militar, diz o perito do Instituto de Estudos Estratégicos Ajdar Kurtov.

“Israel não dispõe de aviação adequada, de aviões de reabastecimento. Isso significa que ele terá que pedir ajuda seja aos EUA ou a seus aliados. E a ajuda em semelhantes assuntos é uma coisa muito delicada. Israel está novamente fazendo bluff. Ele tenta apresentar o programa nuclear iraniano à comunidade mundial como um mal total a ser combatido por quaisquer meios possíveis. Mas Israel continua a não encontrar entendimento mútuo.”

A revista militar britânica Jane's Defence Weekly também diz que um ataque ao Irã seria não só inútil, mas perigoso, tendo em conta a boa proteção das instalações nucleares e as longas distâncias que os aviões militares teriam que superar. O analista político Georgy Mirsky acredita que um ataque israelense ao Irã faria mais mal que bem.
“Israel entende que, mesmo em caso de ataque, não há garantias de que as instalações nucleares iranianas sejam destruídas. E mesmo que sejam, o Irã não perderá a tecnologia, os materiais, os cientistas. Passados dois anos, o Irã retomaria abertamente o seu progresso em direção a uma bomba atômica e já sem qualquer AIEA. Israel também compreende em que posição poria o seu principal patrono – os Estados Unidos. Eles não podem ficar indiferentes. Mesmo que Israel atacasse o Irã sozinho, todo o mundo islâmico estaria convencido de que os Estados Unidos estão apoiando Israel. Imediatamente se seguiria um ataque de retaliação aos Estados Unidos também. A situação no Afeganistão mudaria fundamentalmente em detrimento da NATO e dos norte-americanos. Os planos de Obama para melhorar as relações com o mundo muçulmano seriam enterrados.”

No entanto, apesar de os políticos moderados em Israel não apoiarem um ataque ao Irão, algumas cabeças quentes não desistem dessa ideia. Mais que isso, promovem-na ativamente. Ao mesmo tempo, as autoridades iranianas dizem que não excluem a possibilidade de deixar de produzir urânio enriquecido a 20 por cento, que pode ser utilizado na produção de combustível para armamentos. Estas declarações, na véspera da reunião dos seis mediadores internacionais com o representante do Irã, que será realizada em 14 de abril em Istambul, são muito oportunas. Elas deixam a esperança de que a retórica militante dê lugar a um diálogo pacífico.

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