No dia 1 de março, às 10h, a Marinha do
Brasil inaugurará, com a presença da Presidenta da República, Dilma
Rousseff, a Unidade de Fabricação de Estruturas Metálicas (UFEM), a qual
faz parte da infraestrutura industrial de construção e manutenção de
submarinos que está sendo implantada pela Marinha em Itaguaí (RJ).
Participarão da solenidade o Ministro de Estado da Defesa, Celso Amorim,
o Embaixador da França no Brasil, Bruno Delaye, o Comandante da
Marinha, Almirante-de-Esquadra Julio Soares de Moura Neto e diversas
autoridades civis e militares, do Brasil e da França.
A prontificação da UFEM, cuja construção
foi iniciada em 2010, é um importante marco alcançado com a execução do
Programa de Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB), idealizado para
capacitar o País a projetar e construir submarinos convencionais e
nucleares, com incremento da indústria de construção naval brasileira,
em particular a do Estado do Rio de Janeiro, no município de Itaguaí,
onde serão gerados milhares de empregos diretos e indiretos.
O processo de construção dos submarinos
tem início na NUCLEP, com a fabricação das seções do casco externo do
submarino, que devem ser resistentes à pressão da coluna de água na
profundidade de operação desse meio naval. Em seguida, as seções são
transferidas para a UFEM, contígua à NUCLEP, onde recebem as estruturas,
equipamentos e componentes internos. Após esse trabalho, assim
equipadas, as seções são deslocadas para o estaleiro, também situado nas
proximidades, onde é executado o acabamento final e a união das seções,
prontificando-se o submarino, que será, então, submetido às chamadas
provas de cais e de mar.
Ministro da Defesa com engenheiros e técnicos da Marinha do Brasil em frente às primeiras seções do submarino |
O Programa de Desenvolvimento de
Submarinos (PROSUB) é, hoje, o mais importante projeto em
desenvolvimento pela Marinha, e resulta de uma parceira estratégica,
firmada em 2008 pelos Presidentes do Brasil e da França. Essa parceria
prevê a transferência de tecnologia e a formação de consórcios entre
empresas dos dois países, para atender aos objetivos estratégicos
comuns. Assim, a DCNS, empresa francesa contratada para transferir
tecnologia, formou, com a construtora brasileira Odebrecht, o Consórcio
Baia de Sepetiba, destinado à construção de um estaleiro para fabricar
os submarinos e de uma base naval para apoiá-los.
O PROSUB prevê, ainda, a fabricação de
cinco submarinos, sendo quatro deles convencionais, isto é, dotados de
propulsão diesel-elétrica, e um com propulsão nuclear. Para viabilizar
essa fabricação, foi constituída uma Sociedade de Propósito Específico
(SPE), denominada Itaguaí Construções Navais (ICN), também formada pela
Odebrecht e pela DCNS, mas tendo a Marinha do Brasil como detentora de
uma ação preferencial do tipo golden share. Caberá à ICN
empregar as instalações do estaleiro, que incluem a UFEM, exclusivamente
para a construção dos cinco submarinos previstos no contrato.
É importante destacar que está excluída
desse acordo com a França a transferência de tecnologia para a
construção da planta de propulsão do submarino nuclear, cuja
responsabilidade cabe exclusivamente à Marinha do Brasil, que empregará
tecnologia própria, desenvolvida no Centro Tecnológico da Marinha em São
Paulo (CTMSP).
A construção da UFEM, do estaleiro e da base naval em Itaguaí está orçada em R$ 7,8 bilhões, com desembolsos até 2017.
O início da operação da UFEM
possibilitará aos técnicos brasileiros, previamente treinados na França,
a aplicação dos novos conhecimentos no processo de construção, iniciado
com o corte simbólico da primeira chapa de aço destinada à construção
do casco, em 16 de julho de 2011, que também contou com a presença da
Presidenta Dilma Rousseff.
O término da construção do estaleiro
está previsto para dezembro de 2014, enquanto que a da base naval está
previsto para 2017. O primeiro dos quatro submarinos convencionais, que
estará prontificado em 2015, será entregue para operação em 2017, após a
conclusão de inúmeros testes a que será submetido. Os demais submarinos
convencionais serão entregues em intervalos de dezoito meses. O
primeiro submarino com propulsão nuclear será prontificado em 2023,
quando seguir-se-ão cerca de dois anos de testes no mar, antes de sua
entrega ao setor operativo.
O projeto do submarino com propulsão
nuclear está em desenvolvimento por brasileiros desde o ano passado por
engenheiros navais da Marinha que realizaram diversos cursos relativos a
projeto de submarinos na França, entre agosto de 2010 e maio de 2012,
no escritório técnico conjunto Marinha do Brasil/DCNS, instalado no
CTMSP.
O PROSUB irá gerar, no auge, mais de
nove mil empregos diretos e outros 32 mil indiretos. Adicionalmente, na
área de construção naval, projeta-se para o período de construção dos
submarinos a criação de cerca de dois mil empregos diretos e oito mil
indiretos permanentes. Por último, o PROSUB inclui um processo de
nacionalização com base em transferência de tecnologia que prevê a
fabricação, no País, de vários equipamentos dos submarinos convencionais
e do nuclear, o que elevará o patamar tecnológico das empresas
brasileiras e possibilitará a criação de mais empregos.
A construção e operação de um submarino
com propulsão nuclear, desenvolvido com tecnologia altamente sensível,
são dominadas por poucos países. Atualmente, apenas China, Estados
Unidos da América, França, Inglaterra e Rússia detêm esse domínio
tecnológico. Com o PROSUB, o Brasil passará a integrar esse seleto
grupo.
Fonte: Marinha do Brasil