09/09/2013

O novo A-1, mais letal, mais preciso, mais eficiente…

O cenário na década de 80 era de mudanças profundas na sociedade brasileira e, também, de inovações na nossa indústria aeronáutica. Um dos mais audaciosos projetos da EMBRAER, o AMX ou A-1 para a Força Aérea Brasileira (FAB), decolou no dia 16 de outubro de 1985, às 15h47, e aquele pouso significou o primeiro sucesso de uma nova aeronave de ataque. A parceria entre a EMBRAER e as empresas italianas Aermacchi e Aeritália mostrou que o modelo FAB 4200 poderia substituir os brasileiros AT-26 Xavante. Mas o projeto foi além de uma mera substituição: o A-1, o “avião computador”, trouxe novidades tecnológicas como Head Up Display (HUD), Chaff, Hands on Trottle and Sticks (HOTAS), Flare, Continuosly Computed Initial Point (CCIP), Multifunctional Display (MFD) e Radar Warning Receiver (RWR). No dia 3 de setembro, a FAB recebeu o seu primeiro avião modernizado, o que significa mais de 20 anos de ação dos aviões nos céus brasileiros. Vamos explicar mais adiante. Acompanhe.

Croqui colorido do AMX, parceria entre a EMBRAER, Aermacchi e Aeritália
A história do A-1 remonta o ano de 1981, quando os governos do Brasil e da Itália firmaram um acordo para a fabricação de seis protótipos, dois deles no Brasil. Quatro meses depois, as empresas assinaram o contrato de desenvolvimento. A FAB receberia o seu primeiro modelo em 17 de outubro de 1990. Foram produzidas 56 unidades que voaram pelo céus do Brasil pelos Esquadrões Adelphi, em Santa Cruz (RJ), Poker e Centauro, em Santa Maria (RS). São 33 caças A-1A monoposto e 10 A-1B biposto, já em fase de modernização, com a primeira entrega já feita este mês e a última, em 2017, ao custo de R$ 1,3 bilhão de reais. Mantendo a tradição, o primeiro A-1M foi entregue ao Esquadrão Adelphi, assim como aconteceu em 1989. Quer saber mais? Leia a Aerovisão 70 Anos.
Quais são as vantagens da modernização? A FAB terá uma aeronave de ataque que, junto ao A-29 SuperTucano, ao F-5EM e ao P-3AM, vai proteger 22 milhões de km2 de fronteiras brasileiras, podendo atingir 900km/h e carregar 3,5 toneladas de armamentos. Além de defender as fronteiras terrestres, o A-1M reforça a defesa da região do pré-sal, de acordo com reportagem A-1 Renasce.
Chegada do A-1 no Esquadrão Adelphi, na Base Aérea de Santa Cruz (RJ)
Se engana quem pensa que o A-1 tem pouco poder de combate. Em 1994, as aeronaves participaram da primeira Operação Tigre e atuaram ao lado dos F-5E em combates simulados contra os caças F-16 da Força Aérea dos Estados Unidos. Os americanos tiveram dificuldades em enfrentar o caça brasileiro e os chamavam de “The bees”. Os A-1 também participaram da “Red Flag”, realizada no deserto de Nevada, nos Estados Unidos. Os AMX italianos participaram da Operação Allied Force, na Bósnia, em 1999, e nos conflitos no Afeganistão, em 2009. Depois destas missões, atuaram na Líbia, em 2011.
Em entrevista ao Portal FAB, o gerente do projeto de modernização do AMX, Coronel Aviador Márcio Bonotto, da Comissão Coordenadora do Programa de Aeronave de Combate (Copac), afirmou que a modernização vai trazer mais benefícios aos pilotos, com a incorporação de “uma suíte de guerra eletrônica, com sistema de autodefesa integrado que permite o próprio avião detectar ameaças e disparar automaticamente”. A auto-defesa do A-1 é proporcionada por mísseis ar-ar, canhões integrados e sistemas de contramedidas eletrônicas.
A Itália também opera os AMX

Vamos conhecer agora o que foi modificado no A-1M modernizado?
  • Radar Warning System (RWR) – o sistema avisa quando a aeronave está na tela de um radar;
  • Chaff e Flare – “iscas” contra mísseis guiados por radar ou calor;
  • Missile Airborne Warning System (MAWS) – a aeronave conseguirá identificar e classificar os disparos tanto de aeronaves interceptadoras quanto de baterias antiaéreas por meio de infravermelho;
  • Casulo Skyshield – as estações de solo ou outras aeronaves de caça que tentarem utilizar radares para detectar os A-1M poderão ter interferências em seus sistemas;
  • Radar SCP-01 – dá a possibilidade de o A-1M efetuar missões contra alvos navais. O radar foi construído em parceria da empresa italiana Selek Galileu com a brasileira Mectron;
  • Os pilotos do A-1M poderão executar missões à noite com os óculos de visão noturna (NVG);
  • Head Up Display (HUD) – o display na altura da visão do piloto será integrado aos sistemas de navegação, ataque e gerenciamento de sensores e armas;
  • Back-up Flight Intrumentation (BFI) – em caso de falhas nos sistemas principais, o sistema de instrumentos de voo reserva pode ser usado para o retorno do caça após uma pane ou se ela for atingida pelo inimigo;
  • A cabine foi remodelada e os relógios e instrumentos analógicos foram substituídos por três telas multifuncionais; e
  • Hands on Trottle and Sticks (HOTAS) – o piloto pode controlar a aeronave com comandos nas pontas dos dedos.
Conheça o A-1
Para o Major Aviador Luis Felipe da Silveira e Eliseu, piloto de caça da FAB, uma das vantagens do A-1 é a fácil pilotagem. “Com a aviônica nova, o A-1M permite que o aviador reduza a carga de trabalho. A aeronave tem uma interface mais amigável e ajuda o piloto a focar no ataque a ser realizado”, explicou o militar. O Major Luis Felipe destacou, ainda, o sistema Missile Airborne Warning System (MAWS), que dá avisos sobre mísseis que possam ser lançados contra o avião.

Você pode perguntar ainda: quais são as características do A-1M, uma aeronave de ataque? Para o Major Luis Felipe, a aeronave funciona bem na navegação a baixa altura, atinge uma alta velocidade e tem a capacidade de sair da área de risco rapidamente. O A-1 tem um raio de alcance grande e carrega mais armamento que o A-29 Super Tucano, por exemplo, outro caça de ataque brasileiro. Nas palavras do piloto, o A-1 é “um avião estável”. Outra característica apontada é a versatilidade. Conheça o novo A-1M
No Esquadrão Poker, em Santa Maria (RS), existe o RA-1, a versão de reconhecimento do caça. Nestas missões, a tripulação coleta dados específicos sobre forças inimigas e áreas sensíveis. O especialista faz a imagem da área (fotografia), analisa a vulnerabilidade do local e leva todo o material para que decisões estratégicas possam ser tomadas pelo comando da operação. Por exemplo, o RA-1 sobrevoa uma área militar do inimigo e, por meio do que detectou nos sensores, os especialistas analisam e indicam onde fica um paiol (reserva ou depósito de armas e munição). Esta informação é levada ao comando e pode-se tomar a decisão de atacar ou não o local.

Sobre aeronaves de ataque (attack aircraft) e os caças supersônicos (aircraft fighter).
Você conhece as diferenças entre o A-1M e o F-5EM? Além das siglas, em que o “A” significa, em inglês, attacke o “F”, fight, as aeronaves têm objetivos diferentes em uma guerra aérea. O A-1M é uma aeronave versátil, de bombardeio e reconhecimento, especialista em ataques a regiões estratégicas em baixa altitude. O A-1M é capaz de operar em altas velocidades subsônicas, tanto de dia quanto de noite e, se necessário, a partir de bases pouco equipadas ou com pistas danificadas. Já o F-5EM é um supersônico voltado para a defesa aérea, constituindo-se um excelente avião para combates aéreos. O “Tiger” (apelido do F-5…) dá proteção às aeronaves de ataque. As duas aeronaves, cada uma em sua importância, são essenciais para o poder aéreo nacional.

Conheça os esquadrões que operam o A-1M
  • 1° Esquadrão do 10° Grupo de Aviação (1º/10º GAv), o Esquadrão Poker, unidade de reconhecimento e ataque com aeronaves RA-1A e RA1-B;
  • 3° Esquadrão do 10° Grupo de Aviação (3º/10º GAv), o Esquadrão Centauro, com aviões de ataque A-1A e A-1B; e
  • 1° Esquadrão do 16° Grupo de Aviação (1º/16º GAv), o Esquadrão Adelphi, com aviões de ataque A-1A e A-1BE aí, gostou? Ainda tem alguma dúvida? Fala pra gente!!!


Fonte: Força Aérea Brasileira

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