12/02/2012

Tensão cresce na cidade síria de Aleppo, enquanto violência ameaça o Líbano



DAMASCO, 11 Fev 2012 (AFP) -A tensão subia neste sábado em Aleppo após o duplo atentado da véspera na cidade, a segunda maior da Síria, até então pouco afetada pela onda de protestos, enquanto o regime mantinha o bombardeio a Homs e Zabadani, e a violência ameaçava se estender para o Líbano.

A violência deixou 23 mortos neste sábado na Síria, segundo várias fontes, e chegou ao vizinho Líbano, onde choques entre libaneses favoráveis e hostis ao regime do presidente sírio Bashar al-Assad causaram a morte de pelo menos duas pessoas, deixando mais de 20 feridos em Trípoli, importante cidade do norte do país.


À tarde, os confrontos cessaram depois de uma trégua entre as correntes muçulmanas sunita e alauíta, mediada pelo Exército libanês, informou um alto funcionário do setor de segurança que pediu para não ser identificado.

"Um sunita e um alauíta morreram e 24 pessoas ficaram feridas em confrontos que eclodiram na sexta-feira entre moradores dos bairros de Khabal Mohsen (alauíta) e de Bab el-Tebbaneh (sunita) com tiros e disparos de foguetes RPG", segundo ele.

Dez militares estão entre os feridos, entre eles um sargento em estado crítico, indicou. O Exército mantém uma forte presença em torno de ambos os bairros.

Já no Iraque, as autoridades locais ressaltaram que armas e combatentes jihadistas haviam entrado em território sírio a partir de seu país.

Em Homs (centro), "capital da revolução" e alvo de uma ofensiva do Exército sírio há uma semana, quatro pessoas, incluindo uma mulher, morreram neste sábado no incessante bombardeio do bairro de
Baba Amr, segundo a entidade opositora Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).
Os ativistas estimam que mais de 450 pessoas tenham morrido em Homs desde o início da ofensiva contra a cidade, em 4 de fevereiro.

Outras duas pessoas perderam a vida neste sábado em Deraa (sul) e em Damasco, e mais três, em Zabadani, indicou o OSDH, frisando que o Exército seguia bombardeando esta cidade próxima a Damasco.

Na capital Damasco, um general do Exército sírio morreu neste sábado de manhã baleado por um "grupo terrorista", segundo a imprensa oficial.

"Um grupo terrorista armado assassinou nesta manhã o general de brigada e médico Isa al-Khawli, diretor do hospital militar de Hamich, em frente a sua casa", no noroeste de Damasco, informou a agência oficial Sana.

Em dezembro e em janeiro, 70 pessoas morreram em atentados suicidas em Damasco. Assim como em Aleppo, o regime e a oposição se acusam mutuamente pelos ataques.

Em Aleppo (norte), sacudida na sexta-feira pela primeira vez desde o início da revolta por um duplo atentado que deixou 28 mortos, segundo as autoridades, os bairros de maioria opositora são alvo "de uma grande mobilização das forças de segurança", indicou o OSDH.

A tensão é palpável nesta cidade, pulmão econômico do país, até então relativamente poupada dos protestos contra o regime de Bashar al-Assad.

Um ativista no local confirmou à AFP que as medidas de segurança foram reforçadas, com um deslocamento de veículos blindados e de "francoatiradores em todas as partes".

Em Homs, membros das forças de segurança e soldados efetuam uma campanha de "bombardeios em grande escala" no bairro de Inshaat, afirmou Hadi Abdullah, membro da comissão geral da revolução síria.
Na frente diplomática, os países da Liga Árabe que se reúnem domingo no Cairo poderão tomar decisões importantes com a criação de um grupo de "Amigos da Síria" e a designação de um enviado especial ao país, segundo fontes coincidentes.

A Turquia pedirá à ONU o lançamento de uma campanha de ajuda humanitária para as populações vítimas da repressão na Síria.

A ONU se manteve até agora impotente, bloqueada por um veto da Rússia a uma resolução do Conselho de Segurança condenando a repressão.

A Síria, de maioria sunita, é governada há 40 anos pelo clã Assad, da corrente alauíta. O Líbano é um país de várias confissões sujeito a conflitos religiosos, que já desencadearam uma devastadora guerra civil de 1975 a 1990.

Fonte: Terra

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