A explosão da bomba atómica na Hirosima, 09/08/1945 Foto: EPA |
As explosões de primeiras bombas atômicas
americanas no verão de 1945 marcaram o início da nova época. A explosão
da bomba nuclear soviética no verão de 1949 principiou a política do
"equilíbrio do medo".
Esta tendência se mantém até hoje embora os seus mecanismos tenham sofrido uma evolução séria.
Pelo
conjunto de características, a arma nuclear é, sem uma sobra da dúvida,
um poderoso meio de aniquilamento em massa dos seres humanos sem
precedentes. Mais do que isso, ao criar as armas nucleares, a Humanidade
obteve tanto a possibilidade de aniquilar a si mesma, como a vida no
planeta Terra: tudo depende da potência e de escala do emprego de cargas
e munições.
A hedionda imagem da explosão
nuclear exibida em numerosos filmes, fotos, desenhos e esboços, tem
simbolizado a enorme potencialidade desta arma, relegando para o segundo
plano a evolução que viveu nas últimas sete décadas.
A
potência de cargas termonucleares de dois andares é capaz de chegar a
dezenas de megatoneladas. O recorde estabelecido pela URSS se deve à
produção e à prova da Bomba Czar de
58 megatoneladas. Convém ressaltar que a sua potência projetada se
avaliou em 100 megatoneladas, equivalentes a 100 milhões de toneladas de
trinitrotolueno (TNT).
Antes
de mais, ia crescendo a eficiência dos materiais de construção. Em
dispositivos de um e de dois andares a percentagem do material
fissionável é superior em relação às bombas de primeira geração, o que
possibilitou, por um lado, elevar a potência da explosão, e por outro,
diminuir sensivelmente o gabarito de munições. Para a década de 60, esta
miniaturização permitiu produzir as munições nucleares para canhões de
artilharia terrestre. Em meados e finais dos anos 60, a URSS e os EUA
terão criado as munições nucleares portáteis. A minimização e, na melhor
das hipóteses, a ausência de contaminação radioativa de longa duração
passou a ser umas das principais exigências colocadas às munições de
nova geração, em vias de projeção na década de 70, sobretudo, na URSS
onde as armas nucleares táticas eram naquela altura um elemento
imprescindível de quaisquer operações de média ou larga escala.
Uma
segunda principal característica das armas foi a sua variedade adotada
nas FA em ambas as grandes potências. Surgida ainda nos anos 60, esta
variedade fez possível regular primeiro a potência da explosão e depois
levou à criação de munições especiais com particular incidência para
seus efeitos – a onda de choque, ou, no caso da bomba de nêutrons – um
elevado nível de radiação. Cumpre assinalar que neste último caso
praticamente não existe a contaminação do terreno afetado com os
produtos de desintegração, sendo esta específica para bombas de gerações
anteriores.
A par do desempenho do setor de maquinaria e,
nomeadamente, dos ramos eletrônico e mecânico, o desenvolvimento das
armas nucleares provocou ainda surgimento do vastíssimo arsenal de artigos de uso especial.
Convém notar que, hoje em dia, as munições nucleares continuam
evoluindo não obstante a proibição dos testes nucleares: as
potencialidades tecnológicas e a experiência acumulada permitem modelar
com a elevada precisão a explosão nuclear. Além disso, não foram
interditas as provas subcríticas com o emprego de pequenas doses de
materiais fissionáveis em quantidade insuficiente para detonar a bomba.
O
maior paradoxo da arma nuclear não consiste em que as potências
nucleares prosseguem o seu aperfeiçoamento, reduzindo, ao mesmo tempo,
os seus arsenais. A ironia do destino se resume ao seguinte: se uma
bomba atômica for realmente posta em ação qualquer dia, essa será uma
munição fabricada há já 60 ou 70 anos segundo a tecnologia obsoleta e
irá pertencer, pelos vistos, a um país do terceiro mundo. E é bem
provável que nenhum governo assuma a responsabilidade pelo seu emprego.
Mas haverá muitos que quiserem tirar proveito disso.
Fonte: Voz da Rússia