03/05/2012

Armas nucleares: evolução da morte

A explosão da bomba atómica na Hirosima, 09/08/1945
Foto: EPA
As explosões de primeiras bombas atômicas americanas no verão de 1945 marcaram o início da nova época. A explosão da bomba nuclear soviética no verão de 1949 principiou a política do "equilíbrio do medo".

Esta tendência se mantém até hoje embora os seus mecanismos tenham sofrido uma evolução séria.
Pelo conjunto de características, a arma nuclear é, sem uma sobra da dúvida, um poderoso meio de aniquilamento em massa dos seres humanos sem precedentes. Mais do que isso, ao criar as armas nucleares, a Humanidade obteve tanto a possibilidade de aniquilar a si mesma, como a vida no planeta Terra: tudo depende da potência e de escala do emprego de cargas e munições.

A hedionda imagem da explosão nuclear exibida em numerosos filmes, fotos, desenhos e esboços, tem simbolizado a enorme potencialidade desta arma, relegando para o segundo plano a evolução que viveu nas últimas sete décadas.

A potência de cargas termonucleares de dois andares é capaz de chegar a dezenas de megatoneladas. O recorde estabelecido pela URSS se deve à produção e à prova da Bomba Czar de 58 megatoneladas. Convém ressaltar que a sua potência projetada se avaliou em 100 megatoneladas, equivalentes a 100 milhões de toneladas de trinitrotolueno (TNT).


Antes de mais, ia crescendo a eficiência dos materiais de construção. Em dispositivos de um e de dois andares a percentagem do material fissionável é superior em relação às bombas de primeira geração, o que possibilitou, por um lado, elevar a potência da explosão, e por outro, diminuir sensivelmente o gabarito de munições. Para a década de 60, esta miniaturização permitiu produzir as munições nucleares para canhões de artilharia terrestre. Em meados e finais dos anos 60, a URSS e os EUA terão criado as munições nucleares portáteis. A minimização e, na melhor das hipóteses, a ausência de contaminação radioativa de longa duração passou a ser umas das principais exigências colocadas às munições de nova geração, em vias de projeção na década de 70, sobretudo, na URSS onde as armas nucleares táticas eram naquela altura um elemento imprescindível de quaisquer operações de média ou larga escala.


Uma  segunda principal característica das armas foi a sua variedade adotada nas FA em ambas as grandes potências. Surgida ainda nos anos 60, esta variedade fez possível regular primeiro a potência da explosão e depois levou à criação de munições especiais com particular incidência para seus efeitos – a onda de choque, ou, no caso da bomba de nêutrons – um elevado nível de radiação. Cumpre assinalar que neste último caso praticamente não existe a contaminação do terreno afetado com os produtos de desintegração, sendo esta específica para bombas de gerações anteriores.

A par do desempenho do setor de maquinaria e, nomeadamente, dos ramos eletrônico e mecânico, o desenvolvimento das armas nucleares provocou ainda surgimento do vastíssimo arsenal de artigos de uso especial. Convém notar que, hoje em dia, as munições nucleares continuam evoluindo não obstante a proibição dos testes nucleares: as potencialidades tecnológicas e a experiência acumulada permitem modelar com a elevada precisão a explosão nuclear. Além disso, não foram interditas as provas subcríticas com o emprego de pequenas doses de materiais fissionáveis em quantidade insuficiente para detonar a bomba.

O maior paradoxo da arma nuclear não consiste em que as potências nucleares prosseguem o seu aperfeiçoamento, reduzindo, ao mesmo tempo, os seus arsenais. A ironia do destino se resume ao seguinte: se uma bomba atômica for realmente posta em ação qualquer dia, essa será uma munição fabricada há já 60 ou 70 anos segundo a tecnologia obsoleta e irá pertencer, pelos vistos, a um país do terceiro mundo. E é bem provável que nenhum governo assuma a responsabilidade pelo seu emprego. Mas haverá muitos que quiserem tirar proveito disso.

Fonte: Voz da Rússia


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