27/04/2012

Rússia se junta à Europa no projeto ExoMars

A Agência Espacial da Rússia (Roskosmos) e a Agência Espacial Européia (ESA) celebram em 10 de maio um protocolo de parceria no âmbito do projeto ExoMars, visando o envio para Marte de sondas especiais em 2016 e 2018.

Foto: EPA


O projeto ajudará a Rússia a prosseguir os estudos científicos do Planeta Vermelho mediante sondas interplanetárias após o fracasso da sonda Phobos-Grunt, tentando cumprir uma parte das tarefas que lhe estavam incumbidas.

A adesão da Rússia ao projeto inicialmente europeu-norte-americano tem sido discutida desde 2011. Os EUA tinham lançado rumo a Marte o laboratório científico MSL. Todavia, os significativos cortes orçamentais puseram em questão a sua participação no segundo projeto semelhante. A NASA comprometeu-se a disponibilizar foguetões e a construir um dos dois veículos motorizados
(denominados de astromóveis de Marte). Para os cientistas europeus foi sumamente importante experimentar o processo de pouso na superfície do planeta, outrora visitado por sondas dos EUA e da Rússia. Por isso, o programa foi alterado depois de a NASA ter abandonado o projeto, resume Oleg Korablev, vice-diretor do Instituto das Pesquisas Espaciais.

"O Projeto ExoMars prevê, na atual etapa, dois lançamentos de três elementos. Para 2016 será enviado o aparelho orbital TGO (Trace Gas Orbiter) e o assim chamado demonstrador de pouso. Neste último será instalada uma fonte isotópica de energia elétrica, permitindo efetuar uma série inteira de missões cientificas importantes. Ambos os elementos, serão lançados por meio do foguetão russo Proton. Na missão de 2016, a Rússia e a Europa partilharão compromissos quanto ao apetrechamento técnico. A missão de 2018 pressupõe o uso exclusivo do módulo de pouso, devendo este ser lançado o mediante o Proton".

Na sonda orbital serão estacionados os aparelhos russos de estudo de componentes de gás da atmosfera, antes de mais, de metano, descoberto na sua composição há já oito anos. Naquela altura, esta foi uma descoberta sensacional, dado que o metano pode ter origem biológica. Outros gases podem apontar, embora de forma indireta, para a atividade vulcânica local que, aliás, não se notara. Os demais dispositivos serão utilizados para estudar a vaporização atmosférica, podendo ainda compor um mapa de gelos debaixo da superfície do planeta, sendo tal medida indispensável para a escolha de um lugar de pouso já na segunda etapa do projeto ExoMars. O dosímetro permitirá medir o grau de perigo de radiação para astronautas. E estas tarefas, aparentemente, se intersetam com as metas que se colocaram perante a sonda Phobos Grunt, adianta o cientista.

É que a sonda avariada tinha a bordo aparelhagem de estudo do satélite Phobos e de Marte também. Trata-se de espectrômetros de infravermelhos que deviam funcionar alguns meses antes do pouso na superfície do Phobos. Mas os conceitos básicos destes dispositivos poderão ser realizados em plena medida no complexo atmosférico do aparelho orbital TGO.

A cápsula de pouso a ser enviada em 2018 integra dois elementos – um astromóvel de Marte europeu de 300 kg, capaz de, ao contrário do MSL, fazer perfurações e experimentar o solo à profundidade onde possa haver sinais da vida e um lote de aparelhos assente em uma plataforma imóvel, constata Oleg Korablev.

Esta estação geofísica poderá elevar o prestígio e a liderança da Rússia nessa área, que se responsabilizará pelo processo de pouso. Entre as prioridades se destaca ainda o monitoramento prolongado com base em sismômetros e aparelhos metereológicos. Em Marte, o sinal sísmico ainda não foi detetado, sendo necessário o emprego de dispositivos muito mais sensíveis.


As missões do Exomars irão igualmente pesquisar a distribuição e o ciclo hidrológico sazonal de Marte. Tem-se em vista uma tarefa específica e mais concreta do que as buscas de sinais de água. No dizer do cientista, esta questão nem se coloca agora, já que a existência de água em Marte é um facto indiscutível.



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