21/04/2012

Míssil indiano pode atingir a China

 
 
 
A 19 de abril, a Índia testou com êxito o seu míssil balístico intercontinental Agni-5, cujo raio de alcance é de 5.000 quilómetros. O míssil é capaz de transportar uma ogiva nuclear de até uma tonelada. Especialistas indianos ressaltam que os testes não são voltados contra qualquer país e que o míssil foi desenvolvido exclusivamente no quadro do seu próprio programa de dissuasão nuclear.


Em resultado, a Índia entrou de fato no clube reduzido de potências nucleares que dispõem de mísseis balísticos intercontinentais. Até hoje, só os Estados Unidos, a Rússia, a China, a Grã-Bretanha e a França tinham tais armamentos. Como está previsto, o Agni-5 será posto em serviço combativo em 2014-2015 após testes adicionais.

A imprensa indiana publicou muitos comentários entusiasmados, enquanto os meios de comunicação e políticos ocidentais reagiram com bastante cuidado aos testes, destaca Boris Volkhonsky, perito do Instituto de Pesquisas Estratégicas da Rússia:

"É interessante que os meios de comunicação social paquistaneses reagiram com bastante moderação a este acontecimento. É compreensível, porque um míssil com um raio de ação de 5000 km é praticamente inútil no caso de um conflito entre a Índia e o Paquistão. O Paquistão deve recear mais dos mísseis Agni-1 e Agni-2 com o raio de alcance de até 2000 km. Muitas publicações paquistanesas destacam que o Agni-5 é capaz de atingir alvos praticamente em todo o território da China."

O jornal chinês China Daily, editado em inglês, dedicou poucas líneas aos testes, acompanhando-as com um gráfico: o desenho do míssil e o mapa do hemisfério oriental em que são pontilhados em vermelho os territórios acessíveis para o Agni-5. São praticamente toda a Ásia, à exceção do noroeste extremo da Rússia, a Europa do Leste e Central, a África de Leste e todo o espaço aquático do oceano Índico, incluindo o litoral noroeste da Austrália.

Neste contexto surgem muitas perguntas. A Índia entrou de fato no restrito clube nuclear, mas em que grau mudou o equilíbrio das forças na Ásia e nos territórios adjacentes? Diferentemente dos mísseis Agni-3 e Agni-4, cujo raio de ação é de 3-3,5 mil quilómetros, o Agni-5 é capaz de atingir alvos em todo o território da China. Será que tal significa que a Índia alcançou a paridade com a China na esfera dos mísseis balísticos nucleares? É evidente que não, considera Boris Volkhonsky:

"Os mísseis chineses DF-31 e DF-31A têm maior raio de ação e são capazes de transportar cargas mais potentes. Pergunte-se contudo que representam hoje as armas nucleares? Serão   apenas armamentos de dissuasão, como acontecia na época em que só cinco potências nucleares dispunham dessas armas?
Pelos vistos, uma certa viragem qualitativa deu-se em 1998, quando a Índia e o Paquistão testaram armas nucleares. Após estes testes, os armamentos nucleares se transformaram de armas de dissuasão em armas de chantagem. Não se explica de outro modo o fato de Israel ter obtido estas armas, dispondo de um potencial de armas convencionais incomensuravelmente maior em comparação com os seus vizinhos. Não se pode explicar de outro modo o programa nuclear da Coreia do Norte, que regateia eternamente, tentando obter ajuda material em troca da suspensão dos trabalhos na área nuclear. Não é de admirar que o Irão, pressionado incessantemente pelo Ocidente, se se tenha aproximado de perto da criação de armas nucleares."

Hoje, o problema principal é o seguinte: não será que as armas nucleares se podem transformar de armamentos de dissuasão em armamentos de chantagem, em armas de teatro de operações militares?



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