Em 2012, a base aérea de Tchernigovka, no Estremo Oriente da Rússia, será completamente reequipada. Os helicópteros antiquados Mi-8 e Mi-24 serão substituídos por novas máquinas Mi-8AMTSh e Ka-52. Inicialmente destinado para apoio das tropas especiais, o Ka-52 se torna um helicóptero de combate básico.
Os planos de começar a produção de série dos Ka-52 foram
anunciados ainda em 2006, mas, na altura, esta máquina foi considerada
como helicóptero futuro de apoio de destacamentos especiais, prevendo-se
que no quadro da modernização a aviação militar russa receberá 70-80
Ka-52 dos 300 helicópteros de combate previstos. A maioria deveria ser
constituída por Mi-28N.
Hoje em dia, a situação
mudou. Na totalidade, a aviação militar da Força Aérea e da Marinha
receberá cerca de 400 helicópteros de combate até 2020, dos quais já
foram fornecidos 80-90 máquinas. Ao mesmo tempo, até hoje já estão
encomendados cerca de 100 helicópteros Mi-28N, cerca de 50 Mi-35
(variante modernizada do Mi-24) e 140 Ka-52 para a aviação das tropas
terrestres. Uma vez que para a aviação naval está previsto também
comprar 80 helicópteros Ka-52, o número total destas máquinas irá
superar 200 unidades e, deste modo, mesmo levando em conta futuras
encomendas de Mi-28, os helicópteros Ka-52 não lhe cederão em número.
As
discussões sobre as máquinas que deveriam ser no futuro a base de
destacamentos de helicópteros de combate nas tropas terrestres começaram
em 1982, ainda nos tempos soviéticos, antes dos primeiros voos dos Mi-8
e Ka-50.
As opiniões dividiam-se, mas no fim dos
anos 80 a preferência foi dada ao helicóptero desenvolvido pelo Gabinete
de Projeção Kamov. A seguir, houve a desintegração da União Soviética,
tendo a renovação do parque de aviação das tropas terrestres sido
adiada. Alguns anos antes do fim da URSS, o Gabinete de Projeção Mil
demostrou um helicóptero aperfeiçoado Mi-28, com um sistema de
apontamento e navegação desenvolvido, e começou a desenvolver o Mi-28N,
helicóptero de combate capaz de voar em quaisquer condições
climatéricas, que superava a máquina da Kamov pelas possibilidades de
equipamentos.
Por seu lado, o Gabinete de Projeção
Kamov, criticado frequentemente pelo K-50 (na opinião de muitas
especialistas, o seu piloto não podia simultaneamente dirigir o
helicóptero e utilizar eficazmente as armas), desenvolveu uma variante
para duas pessoas – Ka-52. Em resultado, esta máquina foi incluída no
programa estatal de armamentos, primeiro, para 2006-2015 e,
posteriormente, para 2011-2020.
A produção em série
de vários tipos de armamentos, muito diferentes entre si, para a mesma
missão foi em tempos o pior problema da indústria militar. Muitos
especialistas consideram que este erro se poderá repetir com a seleção
simultânea do Ka-52 e do Mi-28 para a produção em série. Parcialmente é
assim mas, no entanto, há muitos argumentos a favor desta decisão.
Em
primeiro lugar, objetivamente, as máquinas Ka-52 e Mi-28 são diferentes
por suas possibilidades. Considera-se que o helicóptero da Kamov é
melhor adaptado para ações militares no mar (qualidade que explica a sua
utilização em navios tipo Mistral) e em zonas montanhosas. Ao mesmo
tempo, o Mi-28, devido a sua melhor proteção blindada e a possibilidade
de instalar um radar, pode ser utilizado com eficiência contra tropas
com um sistema desenvolvido de Defesa Antiaérea.
Ao
mesmo tempo, os Ka-52 e Mi-28 têm muitas caraterísticas comuns: tanto as
unidades de propulsão como os armamentos, o que diminui o número de
potenciais problemas ligados à manutenção simultânea de duas máquinas.
Contudo,
a situação econômica e política na Rússia influi mais no destino do
Ka-52. A produção em série da máquina impõe a necessidade de apoiar a
fábrica de helicópteros de Arsenievsk, uma das poucas empresas altamente
tecnológicas na região de Primórie, no Extremo Oriente da Rússia.
De
fato, a indústria militar é hoje o único ramo na Rússia capaz de
desenvolver e de produzir artigos de nível mundial. Em muitos casos,
este nível é determinado pelas potencialidades de armamentos russos. Os
Ka-52 e Mi-28 são dos melhores helicópteros de combate no mundo e a
busca de compromisso foi natural nesta situação.
A
necessidade de fornecer equipamentos modernos às Forças Armadas também
desempenhou o seu papel. Infelizmente, nem a empresa Rosvertol (Mi-28),
nem a Progress (Ka-52) são capazes de produzir em série o número
necessário de máquinas de devida qualidade. Nestas condições, apostar
num modelo seria protelar os ritmos de renovação da aviação militar.
Fonte: Voz da Rússia