Carros destruídos são vistos em bairro de Homs, na Síria (13/02) Foto: Reuters |
Um dia após a principal autoridade da Organização das Nações Unidas (ONU) condenar o massacre contra civis na Síria, as forças de segurança do país renovaram a ofensiva militar na cidade de Homs nesta terça-feira, no que ativistas descreveram como “ataque brutal”. Segundo dois grupos de oposição – os Comitês Locais de Coordenação e o Observatório Sírio para os Direitos Humanos – os confrontos são os mais violentos em vários dias.
Forças leais ao presidente Bashar Al-Assad lançaram uma ofensiva em Homs há mais de uma semana para retomar partes da cidade que passaram para o controle das forças rebeldes. Centenas foram mortos desde o dia 4, quando a operação começou, enquanto as condições humanitárias pioram.
Imagem divulgada por ativistas mostra fumaça provocada por ataque das forças de segurança em Homs (12/02) - Foto: AP |
A situação é trágica. Mulheres grávidas, cardíacos, diabéticos, feridos, ninguém consegue sair de casa por causa dos bombardeios”, afirmou o ativista Hadi Abdullah, por telefone, à France Presse. “Na noite de segunda-feira três ativistas entraram na cidade com pão, leite e remédios. O carro foi atingido por um foguete e todos morreram”, acrescentou.
As informações não puderam ser confirmadas de forma independente devido às restrições impostas pelo regime sírio ao trabalho dos jornalistas.
“A ideia de segurança já não existe em Baba Amr (bairro de Homs)”, disse Omar Shakir, ativista entrevistado pelo jornal americano The New York Times via Skype. “Só existe medo.”
Os novos ataques acontecem um dia depois de a comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay, culpar o desacordo no Conselho de Segurança pela escalada da violência do governo sírio contra a oposição. No mesmo dia em que a ofensiva em Homs começou, Rússia e China vetaram uma resolução que condenava a repressão.
"O fracasso do Conselho de Segurança em concordar com uma ação coletiva firme incentivou o governo sírio a lançar um ataque total em um esforço para reprimir a dissidência com uma força opressiva", disse Navi Pillay, na Assembleia Geral da ONU.
"Estou particularmente aterrorizada pelos ataques violentos em Homs", afirmou. "De acordo com relatos críveis, o Exército sírio bombardeou regiões densamente povoadas da cidade, no que parece ser um ataque indiscriminado a áreas civis."
A comissária afirmou que a repressão aos protestos deixou mais de 5,4 mil mortos entre março de 2011, quando a revolta popular começou, e janeiro de 2012, quando a ONU parou de contar as vítimas. Navi acrescentou que dezenas de milhares foram presos – incluindo crianças -, cerca de 18 mil estão detidos arbitrariamente, 25 mil pediram refúgio em outros países e mais de 70 mil estão deslocados dentro da própria Síria.
“A amplitude e os padrões dos ataques das forças de segurança contra civis, assim como a destruição de casas, hospitais, escolas e outras instalações civis, indicam aprovação ou no mínimo cumplicidade do mais alto escalão do governo”, acrescentou.
A comissária pediu que a comunidade internacional atue "urgentemente" para proteger a população civil na Síria dos ataques "sistemáticos" do regime. "Quanto mais tarde agirmos, mais a população civil sofrerá com as inúmeras atrocidades que estão sendo cometidas", disse.
Fonte: Último Segundo