Para garantir segurança em seis grandes eventos no País, Forças Armadas montam projeto especial de R$ 1,5 bilhão
ROBERTO GODOY
O governo vai investir R$ 150 milhões na estrutura da Defesa para garantir a conferência Rio+20, em junho. É só o começo. A série de eventos segue em 2013 com a Copa das Confederações, o teste para a Copa do Mundo de 2014, a Copa América, em 2015, e só termina no dia 21 de agosto de 2016, encerramento da Olimpíada.
No meio da agenda haverá ainda uma visita do papa Bento XVI em julho de 2013 – um roteiro de cinco dias, apenas no Rio.
Consideradas somente as providências da preparação para as três competições de futebol, as aplicações nas Forças são estimadas em R$ 699 milhões.
O custo final das providências poderia chegar a R$ 5,2 bilhões, número submetido ao então presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2010. Lula considerou a conta muito alta. O processo parou.
Os cálculos atuais, mais realistas, consideram R$ 1,5 bilhão como faixa limite. O ministro Celso Amorim tem dito que não vai faltar dinheiro para o programa.
O projeto prevê a recuperação e compra de equipamentos, criação de centros integrados de comando, comunicações, controle e inteligência e qualificação de pessoal – grupos de Forças Especiais, entre os quais times preparados para ações antiterror. Outra demanda: 84 helicópteros.
Sonho tecnológico de alto custo, uma plataforma Istar (Inteligência, Designação de Alvos, Vigilância e Reconhecimento) pode vir a ser montada no jato R-99 do Esquadrão Guardião, de Anápolis (GO), que emprega a versão militar do birreator ERJ-145, da Embraer. Até agora, só a modernização da frota – cinco aeronaves de alerta avançado, e três de sensoriamento remoto – foi decidida.
Segundo um oficial do Exército, o planejamento é equivalente ao de uma campanha militar regular. Serão seis etapas, cerca de 105 dias de operações. E um enorme esquema de contenção em 12 cidades-sede dos jogos.
Guerreiros técnicos. A Força Aérea Brasileira (FAB) vai cuidar da defesa do espaço. Terá de recorrer ao seu melhor material, o supersônico F-5M, modernizado na Embraer Defesa e Segurança. A presidente Dilma Rousseff pode decidir o vencedor do projeto F-X2 do novo avião de combate ainda esse ano – mas não haverá tempo para que as aeronaves sejam entregues, as tripulações treinadas e o suporte técnico instalado em menos de dois ou três anos. A frota dos F-5M, cerca de 55 caças, tem, em média, 36 anos. Revitalizados a partir de 2003, ganharam extensão da vida útil – vão voar, talvez, até 2017.
Os quatro Centros Integrados de Defesa e Controle (Cindacta) do País receberão o sistema Sagitário, um software nacional criado pela empresa Atech, capaz de processar dados de diversas fontes de captação – radares, satélites, sensores de relevo – e consolidá-los em uma só apresentação visual, na tela digital. A Aeronáutica vai formar 300 controladores de voo a cada ano.
A Rio+20 será o laboratório do projeto. A mobilização vai envolver 12,2 mil militares: 2 mil da Marinha, 10 mil do Exército e 200 da FAB. Toda movimentação dos chefes de Estado será feita sob supervisão e escolta. O espaço aéreo permanecerá fechado no Rio em determinadas situações.
Navios da Força naval e os mergulhadores de combate Grumec (time de elite inspirado pelos Seal dos EUA, os mesmos que conduziram o ataque ao esconderijo de Bin Laden no Paquistão) vão atuar na orla.
O Exército vai deslocar blindados, tropas e equipes da Brigada de Forças Especiais de Goiânia. A coordenação desse contingente será feito por meio de cinco diferentes centros de comando.
O Ministério da Defesa, a Secretaria Extraordinária de Segurança de Grandes Eventos do Ministério da Justiça e o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência terão salas de situação para agregar informações.
Ao longo dos próximos três anos, sete unidades vão entrar em funcionamento. Essa rede, associada à malha eletrônica existente, é a responsável pelo viés da proteção cibernética, bloqueando ações hostis.
Na ponta tática, os melhores guerreiros – o pessoal das Forças Especiais, cujo trabalho é mantido sob rigoroso sigilo. Em 2004 somavam 2 mil combatentes. Expandida, a brigada pode ter entre 3 mil e 4 mil soldados. A missão das equipes será a prevenção de atentados e ações de extremistas.
Fonte: Estadão via Plano Brasil