30/01/2012

A introdução do XM-25 e a discussão sobre o alcance do armamento da infantaria



No final do ano passado, foi noticiado que o Exército americano passaria a usar o XM-25 no Afeganistão.
A arma em si é sensacional: um lançador de granadas de 20 mm com espoletas programáveis, que permitem escolher a distância em que a granada irá explodir. Conjugado com o sistema de pontaria, ela permite, por exemplo, explodir logo após ultrapassar um determinado obstáculo ou abrigo, atingindo quem estiver atrás dele.


“This significantly changes the art of warfare for a soldier. He no longer has to worry about maneuvering on an enemy position…” – Coronel Doug Tamilio


O que eu queria ressaltar é que o anúncio da XM-25 foi cercado de grandes expectativas e frases até mesmo disparatadas como essa acima, feita por um dos oficiais que participaram do projeto.

O Starbuck, em seu blog, trouxe um pouco mais de realidade à discussão: a arma é muito boa, sim. Vai melhorar bastante a vida do cidadão que atirava granadas burras de 40 mm. Mas não é nenhuma revolução e muito menos vai acabar com a necessidade da manobra em combate. Essa mesma falácia já foi dita em outras ocasiões ao longo dos séculos, com conceitos bem mais revolucionários que o da XM-25: carruagens, pólvora, metralhadoras, aviação, armas nucleares, etc.



No final do ano passado, o Exército americano voltou a empregar canhões sem recuo Carl Gustaf 84 mm. Era uma arma que já não mais fazia parte da dotação dos americanos, mas voltou a ser empregada devido ao seu alcance.
O Carl Gustaf foi adotado praticamente um ano após a adoção do XM-25. A impressão é que o XM-25 realmente não cumpriu o que prometia, ao menos no tipo de combate que está se desenvolvendo no Afeganistão. Os talibãs usam a tática de sempre buscar o engajamento no alcance máximo de utilização do seu armamento (isso pode ser visto aqui). O XM-25, apesar de toda a tecnologia incorporada (cada uma custa 277 mil dolares!), ainda não tem o mesmo alcance do canhão sem recuo, bem mais antigo.


Apenas como conhecimento, o Exército americano, desde que se envolveu no conflito do Afeganistão, se vê em polêmicas sobre o alcance de seu armamento. Essa discussão tomou corpo após a batalha de Wanat, quando diversos americanos perderam a vida.


Eu não estou na guerra e também estou afastado da atividade de infantaria há vários anos, mas tenho para mim que isso é muito mais uma questão de tática do que do material. Dizer que o armamento do talibã é superior ao dos americanos é um insulto a qualquer um.


Quem teve a oportunidade de assistir Restrepo, viu o comandante da companhia dizendo que o ponto forte que eles estabeleceram fora da base da companhia impediu o inimigo ter o domínio do terreno. Foi um diferencial que não houve em Wanat e o resultado de ambas as batalhas foi bem diferente.

Fonte: Voo Tático

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