Presidente sírio recusa acusações de que o seu regime é responsável por crimes de guerra.
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Numa entrevista à agência France Presse em Damasco, Assad afirmou "não afastar" a possibilidade de uma invasão, mas assegurou que as suas forças armadas "vão confrontá-la".
Uma invasão "é uma possibilidade que não posso excluir pela simples razão de que [o presidente turco, Recep Tayyip] Erdogan é alguém intolerante, radical, pró-Irmandade Muçulmana e que vive o sonho otomano. O mesmo se passa com a Arábia Saudita", disse.
"De qualquer maneira, uma tal ação não será fácil para eles e nós vamos com toda a certeza combatê-la", acrescentou.
Sobre a batalha em curso em Alepo, o Presidente sírio afirmou que "a batalha principal é cortar a estrada entre Alepo e a Turquia, porque a Turquia é a principal via de abastecimento dos terroristas".
Assad, que falou à agência na quinta-feira na primeira entrevista a 'media' ocidentais desde há dois meses, disse-se por outro lado determinado a recuperar o controlo sobre toda a Síria, mas admite que isso vai levar tempo.
"Não tem lógica dizer que há uma parte do nosso território a que renunciaremos", disse.
Questionado sobre se vai conseguir reconquistar todo o território, Assad respondeu: "Sejamos ou não capazes de o fazer, é um objetivo que perseguiremos sem hesitação".
Mas, acrescentou, o envolvimento no conflito de atores regionais "significa que a solução vai demorar muito tempo e ter um preço elevado".
Cerca de uma semana depois do fracasso das negociações de paz em Genebra, Bashar disse-se empenhado em negociar com a oposição desde que possa continuar a combater a rebelião armada.
"Desde o início da crise, acreditamos completamente nas negociações e na ação política. Mas negociar não significa deixar de combater o terrorismo. As duas vertentes são indispensáveis na Síria (...) A primeira vertente é independente da segunda", disse.
Bashar al-Assad recusou por outro lado a recente acusação da ONU de que o regime que dirige é responsável por crimes de guerra, acusando a organização internacional de "não dar qualquer prova" do que alega e de seguir "uma agenda política".
"As instituições da ONU (...) são essencialmente dominadas pelas potências ocidentais e maioria dos seus relatórios são politizados [e] não apresentam provas", disse.
"Por isso não receio nem essas ameaças nem essas alegações", disse, quando questionado sobre se receia ser julgado por um tribunal internacional.
O Presidente sírio acusou ainda a Europa de ser uma "causa direta" da fuga dos civis sírios ao "dar cobertura aos terroristas" e "impor um embargo à Síria", apelando aos países europeus que "ajudem os sírios a regressarem ao seu país".
E advertiu especificamente França de que deve mudar as suas "políticas destrutivas" de apoio aos "terroristas", termo que utiliza habitualmente para designar a oposição ao regime.
Questionado sobre a cessação de funções do ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Laurent Fabius, Assad considerou que "a mudança de personalidades não tem verdadeiramente grande importância" e que é "a mudança de políticas" que conta.
Colaborou: Saulo Santana
Fonte: DN