A segurança no Afeganistão continuará dependendo de
militares estrangeiros durante muitos anos depois da retirada do contingente
internacional de combate até o final de 2014, afirmou o comandante
norte-americano da força da Otan no país.
Há atualmente um intenso debate sobre quantos soldados os
EUA e seus aliados, a maioria da Otan, devem deixar no país a partir de 2015
para tarefas de treinamento, apoio e operações de combate ao terrorismo.
A Casa Branca fala em cerca de 7.000 soldados, mas alguns
militares dos EUA preferem o dobro ou até o triplo disso.
Os militares que ficarem, sejam quantos forem, terão papel
vital na assistências às forças militares afegãs, que até o final de 2014 devem
ter um contingente de 352 mil homens -- nível que ainda não foi atingido,
segundo algumas estimativas oficiais dos EUA.
O general Joseph Dunford, último comandante da missão da
Otan no Afeganistão, não quis manifestar opinião sobre quantos militares
estrangeiros deveriam permanecer, preferindo falar apenas em
"sustentabilidade".
Em entrevista à Reuters na terça-feira, ele defendeu que a
presença seja significativa. "A presença pós-2014 é bem mais complicada do
que os números, e os números se tornaram uma distração, para ser honesto com
você", disse Dunford no seu quartel-general, em Cabul. "Isso diz
respeito a muito mais do que números. Diz respeito à capacidade exigida para
sustentar as forças de segurança afegãs após 2014", afirmou.
Após 12 anos de uma guerra iniciada após os atentados de 11
de setembro de 2001 contra os EUA, o Taliban e outros insurgentes continuam
sendo capazes de impor golpes às tropas estrangeiras e às instituições
governamentais afegãs.
Isso torna ainda mais importante a decisão sobre o
contingente pós-2014, a ser tomada ainda neste ano pelos EUA. Outros países,
como Alemanha e Itália, devem fazer contribuições menores.
A força estrangeira, conhecida pela sigla Isaf, tem
atualmente 87 mil soldados, sendo três quartos deles norte-americanos.
Um dos principais entraves atuais à definição do contingente
é a suspensão das negociações entre Washington e Cabul acerca de um pacto
bilateral de segurança que substitua a missão da Isaf. O governo de Hamid
Karzai interrompeu o processo em protesto contra o apoio dos EUA a abertura de
um escritório de representação do Taliban no Catar.
O colapso de um pacto semelhante entre EUA e Iraque, em
2011, levou Washington a retirar todo o seu contingente militar esse país, que
desde então mergulhou na violência sectária.
Fonte: G1.com