O Departamento de Defesa dos EUA afirma
que uma campanha militar contra o ditador sírio, Bashar al-Assad, custaria
bilhões e poderia ter efeitos adversos. A guerra, iniciada em março de 2011, já
matou 101 mil pessoas.
A primeira descrição explícita de
opções militares para o conflito consta de carta do chefe do Estado-Maior
Conjunto das Forças Armadas, general Martin Dempsey.
O documento enviado a senadores surge
quando a Casa Branca, que limitou seu envolvimento ao fornecimento de armas
leves aos rebeldes, começa a reconhecer que Assad pode não sair logo do cargo.
As opções apresentadas variam de
treinar forças da oposição a conduzir ataques aéreos e impor zona de exclusão
de voos. A carta dá detalhes sobre logística e custo.
Treinar as forças da oposição, por
exemplo, demandaria milhares de soldados e custaria US$ 500 milhões anuais.
Ataques de longo alcance a alvos
militares exigiriam centenas de aviões e navios. Uma zona de exclusão de voo
requereria destruição de aviões e bases aéreas do governo. No total, o custo
ultrapassaria US$ 1 bilhão ao mês.
Dempsey destacou outro ponto caro à
opinião pública: o risco de baixas. "Milhares de soldados de forças
especiais e unidades terrestres seriam necessários", escreveu.
Na semana passada, o senador Carl
Levin, democrata e presidente do Comitê de Forças Armadas do Senado, disse crer
que Assad estaria no poder daqui a um ano.
A afirmação marcou a mudança no
discurso dos EUA. Depois de dizer por dois anos que os dias de Assad estavam
contados, a Casa Branca afirma agora que "Bashar al-Assad nunca mais
voltará a governar todo o território sírio".
As últimas palavras sinalizam mudança
sutil, mas significativa: a admissão de que, depois dos recentes avanços contra
uma oposição cada vez mais caótica, Assad parece destinado a manter o poder,
ainda que sobre parte do país.
A perspectiva irritou defensores da
intervenção, como o senador John McCain. Ex-candidato à Presidência, o
republicano inquiriu, irritado, por que o governo não fazia mais pelos
rebeldes.
Se ordenadas por Barack Obama, Dempsey
diz, as Forças Armadas estão prontas para ataques com mísseis, fixação de zona
de exclusão aérea, proteção das fronteiras com Jordânia e Turquia e captura das
armas químicas.
O general ressaltou, porém, a
dificuldade de evitar o envolvimento profundo: "Se agirmos, precisamos
estar preparados para o que virá."
Alertou ainda para o risco de
"inadvertidamente reforçar extremistas ou causar o uso de armas
químicas".
Via: Folha de S.Paulo - Tradução de PAULO MIGLIACCI