24/07/2013

Ataque à Síria custaria caro e seria perigoso, diz chefe militar dos EUA




O Departamento de Defesa dos EUA afirma que uma campanha militar contra o ditador sírio, Bashar al-Assad, custaria bilhões e poderia ter efeitos adversos. A guerra, iniciada em março de 2011, já matou 101 mil pessoas.

A primeira descrição explícita de opções militares para o conflito consta de carta do chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, general Martin Dempsey.

O documento enviado a senadores surge quando a Casa Branca, que limitou seu envolvimento ao fornecimento de armas leves aos rebeldes, começa a reconhecer que Assad pode não sair logo do cargo.



As opções apresentadas variam de treinar forças da oposição a conduzir ataques aéreos e impor zona de exclusão de voos. A carta dá detalhes sobre logística e custo.
Treinar as forças da oposição, por exemplo, demandaria milhares de soldados e custaria US$ 500 milhões anuais.

Ataques de longo alcance a alvos militares exigiriam centenas de aviões e navios. Uma zona de exclusão de voo requereria destruição de aviões e bases aéreas do governo. No total, o custo ultrapassaria US$ 1 bilhão ao mês.

Dempsey destacou outro ponto caro à opinião pública: o risco de baixas. "Milhares de soldados de forças especiais e unidades terrestres seriam necessários", escreveu.

Na semana passada, o senador Carl Levin, democrata e presidente do Comitê de Forças Armadas do Senado, disse crer que Assad estaria no poder daqui a um ano.

A afirmação marcou a mudança no discurso dos EUA. Depois de dizer por dois anos que os dias de Assad estavam contados, a Casa Branca afirma agora que "Bashar al-Assad nunca mais voltará a governar todo o território sírio".



As últimas palavras sinalizam mudança sutil, mas significativa: a admissão de que, depois dos recentes avanços contra uma oposição cada vez mais caótica, Assad parece destinado a manter o poder, ainda que sobre parte do país.

A perspectiva irritou defensores da intervenção, como o senador John McCain. Ex-candidato à Presidência, o republicano inquiriu, irritado, por que o governo não fazia mais pelos rebeldes.
Se ordenadas por Barack Obama, Dempsey diz, as Forças Armadas estão prontas para ataques com mísseis, fixação de zona de exclusão aérea, proteção das fronteiras com Jordânia e Turquia e captura das armas químicas.

O general ressaltou, porém, a dificuldade de evitar o envolvimento profundo: "Se agirmos, precisamos estar preparados para o que virá."
Alertou ainda para o risco de "inadvertidamente reforçar extremistas ou causar o uso de armas químicas".

Via: Folha de S.Paulo - Tradução de PAULO MIGLIACCI


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