Na véspera da cúpula da OTAN em Chicago e da
Conferência Internacional sobre o sistema da defesa antimíssil em
Moscou, foi anunciado pela milésima vez: “A OTAN não representa ameaça
para a Rússia”. Desta vez a sentença, já habitual, veio da boca de Tina
Kaidanow, primeira vice-adjunta do Secretário de Estado Norte-Americano
para os assuntos da Europa e da Eurásia.
O tenente-general Evgueni
Bujinski, perito – sênior em questões de segurança do Centro de
Pesquisas Políticas afirma o contrario: “Em Moscou serão apresentadas
provas do contrário, ou seja, o DAM é ameaça direta a forças nucleares
da Rússia”.
“Fala-se da defesa contra a ameaça por
parte do Irã e dos chamados países renegados, mas isso provoca dúvidas.
Será que vale a pena gastar centenas de bilhões de dólares para
interceptar três ou quatro mísseis iranianos? Outra questão: para que o
Irã iria atacar a Europa dado que 70% do seu giro de comércio externo
corresponde precisamente à União Européia? Temem a Coréia do Norte? Mas
ela simplesmente não dispõe de mísseis, capazes de atingir a Europa
Ocidental. E vai precisar de mais meio-século para obter mísseis
intercontinentais... O ministério da defesa da Rússia fez uma simulação
computorizada e vai apresentar os seus resultados na conferência. No
processo de simulação foi demonstrado que futuramente, quando a
velocidade de foguetes antimísseis ultrapassar 5 quilômetros por
segundo, as forças russas de contenção nuclear estarão em perigo. Os
nossos mísseis ficarão dentro da zona de visão e de alcance dos
elementos do sistema antimíssil, instalados na Polônia e no litoral
báltico”.
Não seria por isso que a OTAN se recusa a
fornecer garantias jurídicas de que o chamado “guarda-chuva nuclear”,
atualmente em construção na Europa, não será orientado contra a Rússia?
Fala o general Bujinski.
“Eles adotaram uma posição
cômoda e, na sua opinião, bastante lógica, - prossegue Evgueni
Bujinsiki. – Afirma-se que a “guerra fria” ficou no passado, não somos
mais adversários, acreditem-nos na palavra, este sistema não é contra
vocês... Mas quando o presidente Medvedev propôs em Lisboa a idéia do
sistema setorial de defesa antiaérea, como variante de um sistema
conjunto, disseram-nos “não”. Todas as iniciativas a respeito de
questões fundamentais deparam a resposta negativa. Ora, mas a Rússia é
simplesmente forçada a tomar medidas de resposta!”
Evgeni
Bujinski fez lembrar a decisão de criar no país um sistema de defesa
cósmico – aéreo com elementos de DAM. Esta idéia é resultado do beco sem
saída em que ficaram as conversações sobre o sistema europeu de defesa
antimíssil. O general propõe uma solução.
“O único
compromisso que na minha opinião é real é o compromisso político. Ele
pode ser consagrado na declaração e assinado por chefes de Estado e de
governo da Rússia e dos membros da OTAN. Não é preciso pôr lá
obrigatoriamente a frase de que o “sistema de defesa antimíssil não está
orientado contra a Rússia”, nem exigir restrições, mas simplesmente
delinear a colaboração na criação da DAM na Europa. Mas em resposta a
Aliança deve declarar a sua renuncia à instalação de sistemas de defesa
antimíssil ao longo das nossas fronteiras no litoral báltico e na
Polônia, isto é, na região especialmente vulnerável para a Rússia. Neste
caso, o tema da conferência: “Fator do sistema de defesa antimíssil na
formação do novo espaço de segurança” vai tornar-se uma realidade.”
Nos
dias 3 e 4 de maio representantes de 49 países, membros da direção da
OTAN, do ministério da defesa da Federação Russa e quarenta maiores
peritos mundiais, incluindo Evgueni Bujinski, irão reunir-se em Moscou a
fim de empreender “um assalto intelectual” do problema antimíssil.
Fonte: Voz da Rússia