02/05/2012

Sistema europeu da defesa antimíssil

 
 
Na véspera da cúpula da OTAN em Chicago e da Conferência Internacional sobre o sistema da defesa antimíssil em Moscou, foi anunciado pela milésima vez: “A OTAN não representa ameaça para a Rússia”. Desta vez a sentença, já habitual, veio da boca de Tina Kaidanow, primeira vice-adjunta do Secretário de Estado Norte-Americano para os assuntos da Europa e da Eurásia.
  
O tenente-general Evgueni Bujinski, perito – sênior em questões de segurança do Centro de Pesquisas Políticas afirma o contrario: “Em Moscou serão apresentadas provas do contrário, ou seja, o DAM é ameaça direta a forças nucleares da Rússia”.

“Fala-se da defesa contra a ameaça por parte do Irã e dos chamados países renegados, mas isso provoca dúvidas. Será que vale a pena gastar centenas de bilhões de dólares para interceptar três ou quatro mísseis iranianos? Outra questão: para que o Irã iria atacar a Europa dado que 70% do seu giro de comércio externo corresponde precisamente à União Européia? Temem a Coréia do Norte? Mas ela simplesmente não dispõe de mísseis, capazes de atingir a Europa Ocidental. E vai precisar de mais meio-século para obter mísseis intercontinentais... O ministério da defesa da Rússia fez uma simulação computorizada e vai apresentar os seus resultados na conferência. No processo de simulação foi demonstrado que futuramente, quando a velocidade de foguetes antimísseis ultrapassar 5 quilômetros por segundo, as forças russas de contenção nuclear estarão em perigo. Os nossos mísseis ficarão dentro da zona de visão e de alcance dos elementos do sistema antimíssil, instalados na Polônia e no litoral báltico”.

Não seria por isso que a OTAN se recusa a fornecer garantias jurídicas de que o chamado “guarda-chuva nuclear”, atualmente em construção na Europa, não será orientado contra a Rússia? Fala o general Bujinski.

“Eles adotaram uma posição cômoda e, na sua opinião, bastante lógica, - prossegue Evgueni Bujinsiki. – Afirma-se que a “guerra fria” ficou no passado, não somos mais adversários, acreditem-nos na palavra, este sistema não é contra vocês... Mas quando o presidente Medvedev propôs em Lisboa a idéia do sistema setorial de defesa antiaérea, como variante de um sistema conjunto, disseram-nos “não”. Todas as iniciativas a respeito de questões fundamentais deparam a resposta negativa. Ora, mas a Rússia é simplesmente forçada a tomar medidas de resposta!”

Evgeni Bujinski fez lembrar a decisão de criar no país um sistema de defesa cósmico – aéreo com elementos de DAM. Esta idéia é resultado do beco sem saída em que ficaram as conversações sobre o sistema europeu de defesa antimíssil. O general propõe uma solução.

“O único compromisso que na minha opinião é real é o compromisso político. Ele pode ser consagrado na declaração e assinado por chefes de Estado e de governo da Rússia e dos membros da OTAN. Não é preciso pôr lá obrigatoriamente a frase de que o “sistema de defesa antimíssil não está orientado contra a Rússia”, nem exigir restrições, mas simplesmente delinear a colaboração na criação da DAM na Europa. Mas em resposta a Aliança deve declarar a sua renuncia à instalação de sistemas de defesa antimíssil ao longo das nossas fronteiras no litoral báltico e na Polônia, isto é, na região especialmente vulnerável para a Rússia. Neste caso, o tema da conferência: “Fator do sistema de defesa antimíssil na formação do novo espaço de segurança” vai tornar-se uma realidade.”

Nos dias 3 e 4 de maio representantes de 49 países, membros da direção da OTAN, do ministério da defesa da Federação Russa e quarenta maiores peritos mundiais, incluindo Evgueni Bujinski, irão reunir-se em Moscou a fim de empreender “um assalto intelectual” do problema antimíssil.


Nenhum comentário:

Postar um comentário