DAMASCO, 29 Abr 2012 (AFP) -O chefe da missão de observadores da ONU na
Síria, o general norueguês Robert Mood, pediu o fim da violência a todas
as partes, ao desembarcar neste domingo em Damasco.
"Para obter o
êxito do plano de Kofi Annan, peço a todas as partes o fim da violência e
que nos ajudem a manter o cessar da violência armada de todas as
partes", declarou.
"Vamos trabalhar na aplicação completa do
plano de Annan de seis pontos, aceito pelo governo sírio. Para conseguir
isto, temos agora 30 observadores no país, vamos dobrar o número nos
próximos dias", completou.
O plano de Annan prevê o retorno dos
militares aos quartéis, o fim das hostilidades, a libertação dos
detidos, o respeito ao direito de manifestação, a abertura de um diálogo
entre governo e oposição, assim como a liberdade de deslocamento para
os ativistas humanitários e a imprensa.
O número de observadores
deve superar 100 em um mês, até alcançar os 300 previstos pela resolução
2043 aprovada por unanimidade no Conselho de Segurança da ONU.
Esta missão, com duração inicial de três meses, será perigosa para os
observadores que estão mobilizados pela primeira vez desarmados em um
país onde a violência persiste duas semanas depois do anúncio de um
cessar-fogo, amplamente ignorado, apesar dos compromissos assumidos pelo
regime e pelos rebeldes.
Coincidindo com a chegada de Mood à
Síria, o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH) informou a morte
de outras 29 pessoas neste domingo, que se somavam às 32 falecidas no
sábado, entre elas 22 civis e 10 desertores.
Dos quinze
observadores da ONU que se encontram atualmente na Síria, dois estão
baseados em Deraa (sul), berço do protesto, e os demais em Idleb
(noroeste), Homs e em Hama, cidades rebeldes do centro do país.
O
presidente do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), Jakob
Kellenberger, admitiu, em uma entrevista publicada domingo pelo jornal
suíço Der Sonntag, que o plano Annan "está em perigo" pelo que é
"importante que a missão seja mobilizada rapidamente".
Kellenberg
destacou também que o CICV, em colaboração com o Crescente Vermelho
sírio, tinha distribuido alimentos e ajuda humanitária a cerca de 300
mil pessoas.
Segundo a Anistia Internacional, pelo menos 362
pessoas morreram desde a entrada em vigor do cessar fogo, dia 12 de
abril, especialmente nas cidades que acabavam de ser visitadas pelos
primeiros observadores no terreno.
Desde março de 2011, a Síria é
cenário de um movimento de contestação que foi se militarizando à
medida em que a repressão aumentava. Em 13 meses, a violência causou
mais de 11.100 mortos no país, a maioria civis, segundo o OSDH.
Fonte: Terra